GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

quinta-feira, 23 de fevereiro de 2012

CORREDOR DA SENSUALIDADE


A sala de cocktail do evento estava repleta de convidados, adivinhando-se as contrariedades de quem procurava por outrem, mesmo que fosse só pelo olhar, por si só abafado pelo murmurar de risos contagiantes de gente que se conhecia e se encontrava pessoalmente, pela primeira vez, e outros que se reencontravam em mais um encontro de Poesia e confraternização.
Uma parede de vidro deixava que o olhar se perdesse no Jardim do Estoril e no Atlântico, logo ali em frente ao Casino Estoril, num relvado pontilhado de bonitas e elegantes palmeiras. A panorâmica podia, por momentos, distrair do interior da sala, de feição rústica por causa das paredes forradas a tijolo burro, mas a fusão dos sentidos embriagados pela sensualidade do instante, pelo culminar do desejo e a fantasia de assim concretizar a sedução, determinados a sublimar todas as palavras partilhadas em horas de excitação rendilhada por pensamentos poéticos numa poesia de erotismo e sensualidade fundamentada em princípios de mistério e magia de sentidos e sentimentos à flor da pele em poros humedecidos de adrenalina e feromonas desassossegadas. Um terraço avançado para o jardim, perfeito para as noites mais quentes, fazia imaginar os mais belos sentidos em fogo de corpo e mente. As luzes do teto como pepitas brilhantes, davam uma dimensão cósmica a todo o sentir em sons, tonalidades, cheiros, glamour de exuberância de calor humano numa alegria contagiante rendida ao espaço acolhedor e charmoso.
Podia adivinhar-se a cozinha saborosa e aconchegante, com influências italiano-brasileiras, o cheiro das carnes do rodizio e do forno com massas de pizzas de gostos divinos ao palato mais sensível, como joias gastronómicas de um jogo de sabores e sentires num julgamento de odores capazes de todas as absolvições.
Havia na lembrança todos os passos de palavras trocadas nos dias anteriores àquele encontro, mesmo sem indicações concretas nem promessas ou combinações, sabiam ambos que o confronto se adivinhava por entre aquelas paredes, tal a força de todos os pensamentos confiados e confessados, por entre todos aqueles desconhecidos como num baile de máscaras onde a curiosidade se roça com a malicia de brincar com misteriosos olhares cruzados em fantasia e sedução.
Ainda lembrava a última conversa…
Moro: - Neste momento só existe um sentido para a concretização de todos os sentidos…
... tu ...
 Com a partilha de sedução e fantasia e por ambos… de sentir de tocar…
 Musa:- É fácil seduzir, e seduzir um desconhecido torna-se ainda mais sensual.
 Moro: - É o desconhecido.
 Musa: - Mas saber quem é esse sedutor, sentir que tem que ser esse sedutor é mais difícil.
 Moro: - Não saber... Nem ver...
Como estar de olhos vendados ao tocar numa pessoa.
 Musa: - É isso que implicas nesta situação... o arriscar esse encontro às cegas com a convicta consciência de que és o tal, o mascarado que joga o mesmo jogo de prazer e sedução, que será indiscritível, louco, fugaz e temperamental, o ter a certeza de que seria o jogo perfeito da sedução e prazer em conciliação de sentidos, o culminar de todas as palavras carregadas de erotismo e paixão de sentidos, de olhos vendados às cegas às escuras… seria um enorme prazer…
 Moro:  - O êxtase final.
Deixando a imaginação... e passando à fase seguinte.
Mas por vezes... quando as espectativas são tao altas... é certo que algo não corre bem, nem tudo sai perfeito.
 Musa: - Ambos sabemos o que queremos o que procuramos… não creio que algo possa correr mal.
Talvez aconteça se efetivamente não houver sintonia entre dois, mas então aí a sedução deixa de existir no seu todo.
 Moro: - E o que queres e o que procuras?
 Musa: - Quero-me sentir e fazer-me sentir e procuro a libertação da sedução encarcerada em cada poro meu.
Moro: - Por experiencia própria, as vezes as sintonia é algo que se adquire com o tempo.
É a ansiedade que por vezes torna as coisas mais difíceis.
Desejar muito para que se possa cheirar o perfume libertado pelos teus poros… que querem libertar todo o seu cheiro e feromonas.
 Musa: - Eu sou ansiedade para ti?
 Moro: - Ansiedade do desconhecido.
 Musa: - "objeto" de desejo?
 Moro: - Sim... de desejo… de sensualidade… de fantasia… de sexualidade…
 Musa: - Sedutora dos teus sentidos, mesmo que deles se venha apenas a ideia de os concretizar noutras peles? Ou em outros poros... poros próximos de ti...
 Moro: - Pois... Não sei... Aonde eles se vão concretizar não faço ideia mas… estou esfomeado... vou ter de ir comer... mas para já só alimento o estomago.
 Musa: - Pensa em mim na sobremesa e partilha-a comigo... em imaginação…
Bom apetite
 Moro: - ok... beijo doce e molhado
 Musa: - Beijo inspirado
 Moro: - Descansa um bocado musa. Se não te vir... bom passeio à beira-mar.
 Musa: - Também vou comer qualquer coisa e vou ver o mar.
 Moro: - E aquece o teu corpo como o sol à beira-mar.
 Musa: - Imaginarei esse sol…
... tu...
Da sala Zeno Lounge até aos toiletes havia um corredor com pouca claridade, uns abajures à média luz, chão alcatifado abafando passos, paredes com pinturas sensuais em riscos e cores fortes, e no ar um leve perfume a frutas tropicais misturado com odor abaunilhado.
Imperativamente dirigiu-se para lá, cruzando um olhar de frente, sentado no bar, apreciando a paisagem da sala. Podia muito bem ser ele. Era um completo desconhecido, que a conhecia por fotos, mas dele apenas havia uma foto que até podia nem ser ele.
Por dentro todos os sentidos lhe indicavam que ele haveria de se encontrar com ela e apresentar-se como o homem das cinco máscaras, e nesse instante ela sentiria que era ele, o tal misterioso que a seduzia dia após dia, e inspirava na surpresa do comprometimento de ambos para esse mágico encontro surpresa.
Já dentro do toilete, aproximou-se uma mulher que se dirigiu a ela com um bilhete na mão e lhe diz que um desconhecido lhe pediu para lhe entregar em mão o pequeno papel dobrado em quatro.
Agradeceu-lhe e ela retirou-se. Abriu o papel e leu as quatro palavras, SEI QUE ÉS TU.
Colocou as mãos no rosto, ruborizada, emocionada, nervosa, trémula, ofegante, sentindo fugir-lhe o chão dos pés, o sangue pulsar em cada veia, todos os sentidos em agitação e uma leve excitação de ter sido surpreendida e descoberta.
Sair para aquela sala já não seria igual. Haveria um sedutor em cada esquina, despindo-lhe todas as sensações no furor da cumplicidade de partilharem um único objetivo, seduzir e ser seduzido.
Recompôs-se, molhou a cara com água fria, tentou acalmar-se e foi enfrentar a situação.
Deixaria tudo nas mãos da ocasião, deixaria que tudo se encadeasse de forma a ambos concretizarem essa ambição de darem asas à imaginação e entregarem-se nas mãos da aventura e da loucura de se perderem nos braços um do outro.
Ao longo do corredor pensou se não seria aquele olhar do bar, se não seria ele o misterioso Moro que encontrou no colo da virtualidade e com ele mantinha um relacionamento secreto e tórrido em inspiração de pele e sentidos. Tentou recordar cada olhar masculino, sem máscara, que cruzara até ao toilete, mas nenhum rosto parecia se denunciar a esse propósito, e nem o olhar matador do homem que vira no bar a convencia de que seria ele o seu misterioso cavaleiro sedutor.
Já à entrada da sala foi abordada por ele. Saindo do lado oposto ao bar, barrou-lhe o caminho segurando-lhe as mãos e beijando-as com um leve toque de lábios humedecidos. Arrastou-a consigo em direção ao corredor e duas portas depois das casas de banhos de ambos os sexos, abriu uma porta e puxou-a para a escuridão.
O sinal vermelho de uma pequenina luz de presença indicava tratar-se de um escritório e seria o botão de ignição do computador, em cima de uma secretária, mas havia bastante espaço pois os dois rodopiaram de bocas coladas numa dança de degustação de lábios sedentos desse jogo de prazer e volúpia, numa excitação digna de adolescentes que de abraços a beijos se vão descobrindo no toque, no cheiro, no sabor, no calor das sensações, deixando-se render a essa sensual entrega de euforia.
No escuro os beijos ganharam outra dimensão. Pareciam borboletas curvando a luz em voltas vertiginosas sem a noção do perigo de queimar as asas e cada vez mais impetuosas na sua dança sensual. As mãos faziam o reconhecimento de cada recanto do corpo quente e humedecido aninhado no silêncio consentido do dar e receber, caminhavam pela pele do rosto, atrevidas na busca da pele do ventre, das costas, do peito, subiam e desciam, saltitavam de ombro em ombro, exploravam novos rumos a cada autorização sentida.
Deixou-se sentar na secretária e viu-o pousar um pequeno candeeiro por debaixo da secretária, acendendo a luz e tapando-o com o casaco, ficando exposta a uma penumbra bailarina, onde partículas de pó dançavam a mesma valsa de beijos que as bocas recomeçavam, dando caminho a outras explorações.
Havia uma sintonia perfeita do que ambos queriam, era o mágico acasalamento de todos os sentidos naquela aventura de se sentirem um ao outro na plenitude das caricias preliminares do desejo até ao auge do sentir.
As mãos dele ousaram pousar nos seios de mamilos eretos e rijos, livrando-os do soutien, foram mordiscados fazendo-os sentir o esmalte quente dos dentes em suavidade e humidade, os lábios apanharam os bicos excitados brincando com a ponta da língua nos pequenos botões endurecidos de prazer.
Um passo até outros beijos começarem a resvalar sobre a pele do ventre em voltas molhadas arrepiando a derme a escaldar de desejo de mais descidas e passeios de boca sensual e húmida.
A púbis ardia de vontade de ser encontrada, e a flor de lótus embriagada de excitação, tanto se apertava como se abria em pequenos espasmos de solicitação a uma língua que brincava no monte de vénus despido e ainda cheirando a água de rosas.
As roupas em desalinho nos corpos, depressa foram sendo dispensadas e atiradas na escuridão banhada de luz fosca, desenhando gestos que se fundiam em segredo silenciados pelo nervosismo e quase vergonha, mas límpidos de qualquer pudor, apenas enfeitiçados pela atração do instante.
Afinal nada estava correndo mal. E sem culpa e sem compromisso deixavam-se levar pelo tesão que faziam florescer em corpo e mente. Trocando fluidos num gozo de experiencias premeditadas em cumplicidade e sintonia.
Não tardou a sentir beijos quentes absorvendo o rio que corria de si mesma, obrigando-a a abafar gritos de prazer no silenciado escritório desconhecido, enfurecendo-a, dando-lhe vontade de castigar o sedutor com beijos de balanço lento entre os seus lábios e em coordenação com as suas mãos, fazendo-o gemer agarrado aos seus cabelos, provocando-lhe a loucura de a agarrar de volta para cima da secretária e a penetrar com a doçura e elegância que ela não lhe ofereceu, em investidas ora lentas ora rápidas, em fusão de lava e magma, como se um vulcão adormecido estivesse prestes a explodir em dois sentidos.
Já muitos minutos se teriam passado e absortos de qualquer perigo, nem um pouco preocupados em ser apanhados ali, foram-se recompondo, vestindo cada peça de roupa trocada de beijos doces e renovando o apetite com que começaram, deixando invadir o pensamento por uma única certeza.
Sempre havia o tal.
musa

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

FEROMONAS

Há cheiros que explodem nas narinas
Forçando sentidos em dança animal
Pele com pele

Cheiros de toque entre corpos
Por entre mãos dançarinas
Em bailado sensual
Húmido mel

Cheiro da mulher excitada
Beijada em seus recantos
Docemente tacteada
Dóceis encantos

Cheiros de homem devorador
Pénis em riste doido tesão
Olhar de adorador
Em sagrada excitação
Boca sedenta
Pele suor

Cheiros de vagina sanguinolenta
Rendida ao prazer dor
Vibrante oferecida
Ofegante
Sentida
Flor
Cheiro de enlace em movimento
No encaixe trémulo inebriante
Do corpo e olhar sedento
Roçando fluídos sensualidade
Dança de respiração ofegante
Na troca de línguas sexos oralidade
Em cheiros de odor estonteante

Cheiro de amante

Aos cheiros permitida
Como oferenda de amor
Prece feromonas calor
Em fogo lento consentida
Das chamas de cheiros maiores
Nas brasas ardentes do desejo
Rubras humedecidas pétalas de flores
Nos cheiros mais intensos de um beijo
Onde se perdem tantos amores
musa & Moro