GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

VÉNUS CARAMELO

Monte de Vénus
Cume devastado
Pele doce
Mel d’oiro
Pecado
Âmbar
Pleito

Sensual
Sentido
Leito
Poesia
Paixão

Caramelo
Tesão
Orgia
Mel
Colorido
Sentir
Fogo
Doirado
Pedido
Urgir
Sossego
Roubado
Rugir

Pulsar
Desbravar
Vibrar
Amar
Dar
musa

sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

GELO DE CETIM VERMELHO

Sobre a pele orvalhada
Cio lavrando molhado
Caminho de gelo
Húmido cristalizado
A rosa rubra deitada
No ventre nu degelo
Calcinha vermelha cetim
Doce salgado desvelo
A humedecer marfim
Do corpo amado
Em fogo e gelo
Suado
...
musa

A MUSA E O MESTRE

A Musa e o Mestre
Rui: Musa única mulher…  estais bem?
Musa:  meu MUSO… e tu estás?
Rui: Se eu estou bem?...
… Não…
Musa: o que se passa?
Rui: Estou no auge do sentimentalismo e da intolerância
  Rompi com esta sociedade decadente.
Musa: nada ganhamos com esse sentimentalismo intolerante
Rui: Estou de partida a qualquer momento… vou renascer…
Musa: para onde vais tu?
Rui: Segredo…
Musa: ensina-me a voar daqui…
Rui: Não se ensina… aprende-se… quando chegar a tua hora te consegues libertar… a minha hora é chegada…
Musa: acho que serei para sempre prisioneira do tempo…
Rui: Só do tempo?... quero levitar…
Musa: às vezes levitamos ou julgamos levitar e as coisas terrenas perdem sentido depois nos sentimos perdidos entre a terra e o universo como se aqui não pertencessemos…
Rui: Para quem já viu o sonho deitado fora por motivos alheios...
  Pois não fico mais para assistir ao fogo de Roma.
Musa: tua mente te domina além das tuas próprias forças
  a batalha é dentro de ti
  o campo de batalha és tu mesmo
  este mundo exterior é apenas suporte das tuas investidas menos ousadas…
Rui: Pois quero que este mundo exterior desabe, mas longe de mim…
Musa: sentirás o sal…  ainda que doce…   amargará nas tuas preces…   não renegues este mundo…   enfrenta-o…
Rui: Já estou a amargurar!
Por isso que o enfrento no sentido de encontrar o Éden…
Musa: tu tens o éden dentro de ti…
 Rui: Primeiro pequei, agora quero o éden.
Musa: mas ele está dentro de ti…
Rui: Eu sei… mas eu o quero também exterior a mim…
Musa: que buscas tu… homem…
Rui: Busco o frescor da manhã, o calor do meio-dia, a pele da virgem, o odor da vulva em deleite, o sono de Baco…
Musa: tu és o meu poeta…
Rui: Achas?
Musa: faríamos um belo dueto…
… a escrever…
Rui: Porque não começamos?
Musa: tu já começaste… (Busco o frescor da manhã, o calor do meio-dia, a pele da virgem, o odor da vulva em deleite, o sono de Baco… lindooooooooo)
Rui: Pois… resumo em palavras o que me vai na alma… já dizia Camões (famoso fodilhão do Oriente!)
E tu que me contas… musa nua no seu divã provocante e cor-de-rosa.
Musa: serei assim tão transparente tal o poder das palavras?
Rui: Acho que és!
Musa: serei essa tal senhora do livre arbítrio?
Rui: o livre arbítrio é a ditadura para os ignorantes…
Musa: quando penso no que era… e no que tu me transformaste…
Rui: Ficam com inveja do que és…
Musa: mais do que isso
Rui. Não fiz nada… apenas inspirei…
Musa: Tu rompeste-me do casulo… jamais serei perfeita…
Rui: Desabrochei a MUSA para o mundo…
Musa: ainda mais fechada no seu mundo…
Rui: Pus a musa na tela… para que todos a pudessem ver e ver nela o que nunca querem ver…
Musa: e hoje…
  tal é o fascínio por essa musa
  que o desassossego a consome
 Rui: E hoje tento encontrar a musa perfeita… mas ela não aparece.
  Estou rodeado dela como Zeus.
  Mas elas são infinitamente complicadas.
 Musa: tu moldaste-me a tua imagem?... era assim que querias a musa?
 Rui: de musa?
 Musa: sim… a endoidecer quem a lê
 Rui: sim… e deixa-la doida também.
  Assim o tenho feito.
Musa: é um desassossego infinito… quanto mais tenho mais quero
  … prazer por prazer
 Rui: Eu descubro as musas, apalpo-as, sinto-as, excito-as, me delicio com elas…
 Musa: sentidos completamente delapidados…
Rui: Não só prazer, mas crescimento...
  … as musas são seres mitológicos... deusas...
 Musa: em cada homem por prazer… colho poesia
 Rui: divindades... quero-as como o ar que respiro.
  … não vivo sem musas.
  … não consigo viver sem imaginar os seios contornados de uma musa.
 Musa: deste-me uma cana de pesca e ensinaste-me a pescar…
… mas acabo sempre por devolver os peixes novamente ao rio
  … e fico sempre com fome
 Rui: Pena que Vinícius de Moraes não se encontrou com uma verdadeira MUSA!
…  Pois estás a procura de um MUSO!
 Musa: TU ÉS O MEU MUSO!
Rui: Talvez só no teu imaginário.
 Musa: foste tu que me criaste…
 Rui: Pois fui.
… Cada milímetro de coxa, cada calor que se aproxima, cada instante que respiro o teu odor... oh! Musa, abre-te, quero te...
 Musa: possa eu ser eterna em teus delírios
  devassa o quanto baste em teus martírios
  de formas de musa lapidaste o teu desejo
  usando buril dos lábios com que deste teu beijo…
 Rui: Eu não resisti, aquela mulher entrou pela minha sala, tão estúpida mentalmente, mas tão mulher no seu corpo, eu pensei: vou violá-la.
… Mas não, cheguei bem próximo. Senti o seu pescoço, fitei os seus olhos, ela ameaçou gritar. Tapei-lhe a boca.
  … Beijei aquele pescoço, segurei a sua mão, não resisti àquela coxa...
  … que mulher...
Musa: ainda hoje pensas e deves ousar serenamente… provocas esse teu sentido lato…
  … obrigas-me ao encanto do mais pranto gozo farto
 Rui: Em segundos eu já estava a sugar aquela vulva que era propriedade de um inculto.
 Musa: e te deitastes nos meus cabelos como se fosses homem
…  ainda que menino a aprender…
 Rui: Ela nunca havia sentido o cheiro e o desejo de um verdadeiro homem como eu.
 Musa: nada sabia… mas muito queria…
Rui: A possui naquele chão frio que ardeu de tesão e luxúria.
Musa: cama ardente de mel salgado… com seu falo alado a prendeu…
Rui: Ela viu se naquilo que sempre sonhou: gozar com um macho.
 Musa: e no escuro do leito humedecido   a fez ser seu sentido
  … sagrado ateu
…  doce profano
Rui: Que imenso prazer ter profanado aquela musa rebelde e ao mesmo tempo refém de toda uma estrutura decadente chamada igreja, casamento, família...
 Musa: que riso ensandecido escorreu do sexo empapado
 Rui: E aquela vulva a prender o meu órgão em repetidos orgasmos que ela nunca os tinha sentido...
Musa: achou-se ela em si e no macho consagrado
… e fez-se musa desse desejo consentido…
… uma oração a brindar doido pecado
 Rui: Pois assim a vida tem sentido.
… e mais uma musa que desabrocha para o mundo.
… Minha musa única mulher.
  Vou me deitar agora.
  Aparece mais vezes.
 Musa: vai sim… eu também vou…

... QUE FIQUE ENTRE NÓS O PACTO DE SANGUE PELA SENSUALIDADE DAS PALAVRAS SANGRADAS DE DESEJO E PURA SEDUÇÃO...
MUSO (consultar no dicionário) …  Palavra inédita para exprimir sentimento de gratidão pelos admiradores das musas renascentistas.
Musa & Rui

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

ESCULTURAL SENTIDO

Esculpimos
Tacteando
Versos em sentidos
Modelados
Puro desejo cego
Brando toque
Nos lábios gretados
Escorre pó da pedra
Da melhor...em estado bruto imenso
Cegos de vontade presos em delírio
Serpenteamos esses sentidos
Nos braços do silêncio intenso
Nessa escuridão
Contornos em delével silhueta
Humedecendo
Nossa vontade desperta
Em louco martírio
Crescendo
Os dois já rendidos
Querendo

E… ao de leve fumegantes no escuro
Quase brilham…  e espalham seus aromas cavernosos... densos...
... meus lábios caminham sobre os teus sem lhes tocar
de tua entrega o mais doce aroma tendo e lendo

As palavras pousadas como corpos amarras em porto seguro
e tocam-nos, muito ao de leve... com a humidade da caverna enevoada dançam sombras brilhantes no toque dos teus dedos... esperando

Bandos de gaivotas que da areia levantam em reboada
e então o arrepio quente afunda o doce rasgar e aspiro o teu ar ...beijos teus olhos abertos em aquário delirante
nossas águas se misturando em lábios e línguas perto dos meus
dedos percorrem interiores proibidos...um não de querer... um pára de continuar... num quase vir quase ficar afundo sentidos em coral de desejo rubro como fogo serpenteando em nossas bocas se incendiando de lume aceso
da mesma forma com que me tomas em teus abraços rodopiando sobre leito de sal e doçura quase como fogo preso
tal a loucura que sentimos
nos pedimos
corpos arrebatados em prazer e sedução
inebriados nessa ousada inebriante paixão…
e…  deles pinga em fio escorrendo seivas anunciadas, brutais espasmos em silencio que a noite toca... e volteia... e volta... das nossas bocas aproximadas em transe dança quase se tocam num travo de cio tesão expande retesado o teu ventre em fúria mansa... sentes dormentes os pelitos eriçados e suplicas... sopra-me... sopra-me ao de leve... muito ao de leve neste tufo ardente ...
língua percorre ventre humido e quente....sentindo um sabor salgado...deixando humedecido
... cio desejoso fogo sentido de percorrer caminhos mais estreitos e perigosos
... teu delírio escorrega em fluidos vertidos duma vontade louca de penetração desejosos de hastear bandeira gotejando desejo ardente...
e as tuas pernas a levantam e cruzadas sobre mim, expões... teu bolo de prazer em espasmos me exige sem fim... penetro-te, doce a principio... depois um pouco mais... como espada em bainha, e fundo te espremo como se nunca fosses minha... e minha és...
e do reino da vontade sobre teu doce convés faço me vassala em teu leito ousando prazer desmedido por esse teu querer bravio mar quase loucura como se de morte fosses ferido pois nobre esse teu chamar desejo é meu e eu sou tua... em corpo e alma e sentido abandonado…
e te abraçando até aos ossos sinto, teu corpo retesado e dado numa entrega de sempre e sons fazemos de vento estonteante sussurro... era isto que eu queria... era isto que buscava... teu corpo em flor demolhado e de beijos sugado... de amor te entregava doce pecado…
fazes me flor em tua tempestade de pétalas caídas
sou a rosa entregue sem espinhos em botão
de ti sonho sonhos acordados, vividos e no meio da entrega reconheço este dançar de sempre... esta sincera comoção que te faz brotar em flor sorrindo e em carícias florindo chegadas e ficares... em teu leito me espraio descansado como vagas ondulando fortes mares e... doçuras de pele revolta em quente praia se solta e deixa aninhar e acolhe e nos pedimos... a musa errante em vestes brancas de cambraia… os dois sentimos... lá longe tu a olhares… chegamos...
onde partimos...
voltarei e voltamos
para ficares…

musa & Carlos

sábado, 27 de novembro de 2010

BEIJO VISCERAL

I
Meus lábios caminham sobre os teus sem lhes tocar
de tua entrega o mais doce aroma lendo
e tocam-nos, muito ao de leve, ehhhhh

Que encontro tão familiar de dois estranhos
Que gosto comum tão surpreendente de nos darmos
Esperava-te como quem dormia, ohhhh
Como me levas nesse toque aveludado que magia…

Nossas doces carnes se encontrando tão macias
Correntes invisíveis de procura levitando
Quatro lábios ternos, irmanados na procura

Tocam-se as línguas, cresce a sede
Sorvo de tua boca toda a fome
E aceito de teus lábios o idioma mudo da volúpia
que nos vai tomando

Bocas sábias ousadas línguas
Acendem num só beijo longo e variado
Os sentidos todos, o desejo máximo
Que te faz tremer, subir, montar o meu desejo

II
O perfume que exalas inebria-me
Ver tua nudez é um feitiço
Abordo num sereno bafo a tua vulva
Beijo sem pudor teus lábios, teu vazio

Guloso abordo o mais íntimo de ti
O mais sexual
Lambo e sorvo e trago o teu prazer

Tua cor rósea e húmida oferecida
à minha língua langorosa e funda
ao meu beijo mais genuíno e sensual

Se mais gemes mais fundo me entrego
Faço-te crescer, vais vir-te e vais querer
que inteiro entre e dentro de ti te dê o verdadeiro beijo.
...
João

III
Sinto-me ninfa dessa tua boca qual clareira
Bailando tua língua em meu rosado bosque humedecido
A boca que me domina dócil feiticeira
Como se uma chuva de cristais aí tivesse caído
Elevando à tua boca aroma da roseira
Afável néctar em teus lábios imprimido
Nesse derradeiro beijo tão sentido
De que me tomas por tua companheira
No visceral enlace compartido
De tão gulosa brincadeira

IV
Venho-me de rosto contorcido
O corpo arqueado em tuas mãos
Tremendo de espasmos desfalecido
Tombando dos teus lábios quase em grãos
Orgasmos líquidos leitosos
Fundidos em beijos desejosos
Quais pérolas como gotas de orvalho doce
Escorrendo ribeira ensandecida
Curso de rio que na tua boca fosse
Margens enchente por tua vontade consentida
E dando-me rio de mim sou-te nascente
A começar nesse beijo longo e louco
Que dentro da caverna sabe a pouco
Que dentro do corpo a alma sente
Que dentro da boca outra boca mente
musa


V
Afogas-me nessa torrente de palavras
e se cada uma destila um sentimento
afogas-me nesse mar de sentimentos
como se tal fosse possível.

Mas eu quero menos, quero mais:
entrar dentro de ti sem cerimónia
beijar-te esses lábios sem pudor
passear pela tua pele toda minhas mãos

Levar-te da surpresa à entrega nuns instantes
explorar cada milímetro de ti, da tua carne
e com pulmões de touro possuir-te

E nesse desígnio inconsciente
Resgatar-te mais mulher, menos palavras.

VI
Sou agora senhor dos teus domínios
Tu que me cativaste és agora minha serva…
João


VII
Serva condenada
à masmorra tua boca
ao teu corpo enfeitiçada
ao teu beijo como louca
ao teu olhar resgatada

mulher amada
dos teus domínios loucura
em desejos tão eloquentes
corres galgas buscas procura
dos olhos hirtos dementes
sorves humedecida secura
com as mãos ávidas e quentes

meu cativo
amo senhor
abrigo
de insanos desejos
perturbantes beijos
quase castigo
quase dor

VIII
Tão louca me tendes de amor
Puro devasso visceral
Inebriante quase flor
Aos vossos olhos fatal
Despem-me sem pudor
Das vestes de donzela amada
Que em desejos crucificada
É de vós… meu senhor
musa


IX
 Serva corça vulnerável, animal
Sob meu corpo entregue em doce altar
Vulcão ardente que ateamos
E que tenho agora que acalmar

Os teus olhos fechados ou submissos, ou vendados
Submissa toda tu, ávido engano
Porque se meu corpo o teu imobiliza
E utiliza a bel-prazer sem contemplar
Com igual voragem teu tufão me sorve
No precipício sem fim do teu prazer

Quieta, não te mexas
Hoje o teu corpo é um reino onde eu posso entrar e entrar
Bebo sem cerimónia dos teus lábios, como-os
E como tua face, teu pescoço e onde quiser
Com meu peito esmago o teu e respiramos
Nossos cheiros, nossos fluidos, nosso único alimento

Ventre contra ventre, suspiramos,
Em doce rendição gemes, baixinho,
Porque nem teus gemidos te pertencem
Toda toda minha, abandonada

(Terna é a tua entrega, minha posse sem pecado)

Minha carne dura entra a tua firme, humedecida
Cavaleiro à rédea solta na mais passiva sela
Ficamos longamente, só nós dois
Não existe mundo nem além nem de nome nada
Só eu te possuindo, tu me tendo, sem pensar

Vou apenas finalmente libertar-te
Quando o teu fragor, igual ao meu
For impossível de deter
E cavalgarmos
Dois orgasmos longos, furiosos, animais
Mais que sonhados, bem reais.
João


X
Submissa nostalgia na noite silente
Brado meus gemidos ao teu encontro
Dessa liberdade tão premente
Corpo a corpo um só sentido
Um só confronto
Melancólicas carícias nobre gemido
Num quase sentir quase vir
Quase revolta quase pedido
Os teus ardentes gritos confusos
Que se calam diante de quereres obtusos
Libertam de mim a corça em rebeldia
Eternizando densas memórias em meu olhar
Pelas tuas mãos em bailado fantasia
Com que com prazer me possas coroar
De tudo… insuportável poesia
Profanas as palavras intimidade
Eu possa te ser em algum dia
A corça a musa em leviandade
Que aos olhos do amo é já saudade
E na penumbra recatada é euforia
Paixão submissa em esplendor
Surreal prisão ou liberdade
Por prazer dor
Intemporal noite e dia
Por vontade
musa

sexta-feira, 26 de novembro de 2010

BEIJO (poesia com o João... um deus desconhecido...)

Teu beijo
desperto da noite
veio sussurrar
teu desejo
a escuridão
desflorar
sedução

terna emoção
beijo oferecido
camélia nocturna
perfume sentido
solidão
ave soturna
desprendida
da noite despida
tombada de beijos
aos meus pés

musa vagueia convés
do barco da tua boca
teus lábios molhados
prendem a voz rouca
a dizerem pecados
e eu aqui... já louca
por esse sopro da tua boca
de desejos guardados
como beijos secretos
em segredo despertos
sentidos profanados
olhares sábios repletos
de sentires ousados
teus meus lábios
beijados
...
musa


Tenho as mãos frias
Os passos indecisos pelo passeio
Bate-me o coração de um calor indefinido
Sinto no ar ainda a ressonância inebriante da tua voz

Abres-me a porta e enche-se o ar de ti, esqueço o frio
Se só sinto o calor da tua face, abraço-te
Devolves-me o calor como ao gelo que derrete
Tenho de tocar-te e sobre a roupa

vou moldando uma carícia ainda ansiosa

as tuas mãos esculpindo a minha détente

e as minhas esculpindo-te a pele inteira

Agora a minha boca é já uma paixão que te arrepia
Sorvem-se nossos lábios na sofreguidão mútua que é o nosso segredo – meu amor
Cresce em mim tua pulsão, em ti a minha
E suportamos limites quase dolorosos
Porque sabemos

Que vamos entregar-nos
Tu recebes-me na mais húmida carícia do teu ventre
Eu penetro a mais íntima fronteira com doçura e força

Desejo, fogo, sofreguidão, trémulo arrepio
O meu corpo contra o teu
Eu dentro de ti crescendo
e tu sorvendo-me
(quero o teu orgasmo)
e eu fruindo

e depois não há retorno
respirações, gemidos, gritos
pára o tempo, prolongam-se os instantes, sabemos lá
só existe aquele ponto em que nos entramos quase sem sair
só existem nossos corpos arqueando-se
e já só ouvimos nossos corpos retesando-se
no prazer sem nome nem limites que nos deixa amantes.

Húmido amanhecer

Bate a chuva na janela
Uma carícia
Filtra o dia uma tranquila luz…

Ainda colado a ti acordo
E recordo a tua pele
aveludada
o meu corpo contra o teu
o teu brilhando sobre o meu

Já esta noite o tempo parou
eu dentro de ti jovem e duro
em extasia
tu recebendo-me
na tua casa quente e túrgida
de desejo e fantasia

Ensinas-me a música da luxúria
Apeteces-me mais

Por isso

Beberei por mais um dia todo o teu calor
Sorverei de novo com calma o fragor da tua carne
Penetrarei até ao âmago de ti de peito aberto

De novo com faminto ardor
nossos lábios se procuram e se entregam
Num beijo só percorro a tua boca
o teu pescoço, o teu peito acolhedor
Minhas mãos teus flancos arqueando
O cheiro inebriante do teu ventre
me avassala
e lambo

O teu clítoris generoso e doce
Quero-o…
Quero de novo
fazê-lo
beijá-lo
chupá-lo
sorvê-lo
e tu queres e queres e gemes quero mais

E depois
Vou encontrar-te finalmente, minha amante
O teu calor devora-me os sentidos
E sinto cada instante de ti, cada tremor...

Cai lá fora a chuva acolhedora, nasce o dia
e longamente misturámos nossos fluidos, nossos olhos
meu amor.
...

João