GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

domingo, 20 de setembro de 2020

CONFESSA

 CONFESSA


Ainda há tantos segredos 

Prisioneiros dos teus dedos

Tanta malícia algemada 

Nos teus lábios

Segreda-me 

Onde fica o paraíso

Sussurra quase a gemer

Sopra na pele suada

Brisa de querer

Confessa o desejo

Liberta num beijo

Inocente prazer

Escrever um verso

De sal e sentidos 

De fazer endoidecer

Nas profundezas da alma

As palavras a estremecer

De suor e gemidos

De agitação e calma

E doidos vencidos

De excitação e ternura

Despidos de loucura

De inspiração rendidos 

Ao poema que tortura

No grito e silêncio divididos

Em confissão e intimidade 

Um soneto de paixão 

Um amor escondido 

Um caso perdido

Entre a saudade 

E a solidão 

...

musa

sábado, 19 de setembro de 2020

CADERNO DE MEMÓRIAS

 

CADERNO DE MEMÓRIAS

Não sei se é poesia
Esta vontade de me desmembrar
Como quem a dissecar
Abre da alma a escadaria
Essas portas do olhar
Para o fosso agonia
Ilícito descontentamento
Umbral melancolia
Negro deslumbramento
Que enlouquece dia a dia

E no punhal do teu  silêncio penitente
Traços de oração e fantasia
Hiberno memórias enlouquecidas
Das sombras desmembradas e adormecidas
A luz afiada e contundente
Disseca lembranças esquecidas

Estão lá as tuas mãos em flor
A boca fonte de delírio
O teu corpo desnudado de amor
Na ponta dos dedos resquícios de martírio
...
musa 

sexta-feira, 18 de setembro de 2020

AO CAIR DA FOLHA

AO CAIR DA FOLHA


Adivinho o Outono no teu olhar

Ao cair da folha o teu desejo

A despir de mãos e a desnudar

No prazer tórrido doce beijo


Como que a encantar enfeitiçar 

A despontar no vale profundo 

Os olhos quase a lacrimejar 

A inundar o melhor do mundo


Uma língua de brisa sopro vendaval 

A roçar Vénus de meiga agonia

A chuva e o sol num delito carnal


E num redemoinho de loucura e querer

Mais e mais de íntima e ternurenta poesia 

O outonal segredo em tortura de prazer

...

musa 

quarta-feira, 9 de setembro de 2020

FOGO DE SEDUÇÃO

FOGO DE SEDUÇÃO 


Na forja dos deuses o fogo vermelho

Incendeia corpos na força do aço 

O metal do beijo moldado de cansaço 

Hefesto a malhar seu desejo ao espelho


Nas brasas incendiadas em labaredas de prazer

Ferramentas rudes e negras da idade das trevas

Bate o malho na bigorna no torno a endoidecer

No cabedal doce e húmido das pedras


Incendeia em chamas gozo liquefeito

No sopro do fole em desassossego sedução 

O suor a escorrer na nudez do peito


Ao ritmo do malho o doido sentir

E quase a atingir o êxtase da excitação 

O fogo e o aço em luta por existir

...

musa


terça-feira, 8 de setembro de 2020

POEMAS DA TUA AUSÊNCIA

 POEMAS DA TUA AUSÊNCIA 


O mundo está estranho 


Do que resta da vida

Pó de memórias 

Melancolia adormecida

De que se faz a poesia

Um livro de histórias 

Por contar


“Eu faço uma poesia de silêncios

Meu corpo um silêncio fútil

A morte atravessada no concerto da vida

A vida adiada para além da morte

Apesar de toda a sorte

Por causa de todo o azar

Assegurando um destino inútil

Seco, mudo, quase surdo

Guardando a meu lado o teu lugar.”JC


O mundo está estranho 

Confuso

Um paradigma de emoções 

E é tudo um confronto de silêncios e de sombras

Haverá uma luz que grite vencidos e derrotados 

ou o perfume de uma mão onde ainda vive a vontade



Não conheço das noites o tamanho 

Da imensidão a intimidade 

Na lonjura do teu abraço 

Neste tempo incerto e estranho 

Distantes no limite do cansaço 

Nem da loucura o silêncio do escuro 

A longitude por debaixo das sombras dançantes 

O beijo amedrontado e inseguro

No calor das tuas pálpebras amantes

Ou a inquietude da respiração 

Agitada a alma a sonhar 

Um sonho na húmida excitação 

Desconheço a noite no teu olhar

Ou a luz apagada no teu peito

No desassossego do leito desfeito

Nem isso consigo adivinhar

Talvez o tempo a noite o sono a espera

Tenha ainda a lembrança do querer

Por que se antes do inverno for primavera

E tantos dos dias forem prazer

E nada faça sentido

Ficarei a conhecer 

Teu nome adormecido

...

musa 

DE SÚBITO ENTRE PALAVRAS

 De súbito entre palavras

Esta estranheza

A renascer

Misto de paixão e de mágoas 

A dúvida e a incerteza

E a memória do prazer

Excitação a dois

E depois

Um silêncio sobre a pele a espessar

Em vogais de sentidos

A cegueira do olhar

E o corpo inteiro adormecido 

Um querer sem cessar

De gozo e de gemidos 

Vontade de amar

O tempo esquecido

Os dias entorpecidos

A recordar

O amor vivido

...

musa 

MEMÓRIA

 MEMÓRIA 


Podem as rosas adormecer

No silêncio do distanciamento 

Entre as palavras se perder

Pétalas caídas em pensamento 


Saudades rosas adormecidas

Silenciadas do olhar distantes

No peito a ofegar tão sentidas

Mágoas e lágrimas de amantes


O tempo lembrará essa meiga agonia

Rosa fenecida de amor e paixão 

Houve outrora em versos de poesia 


A doce melancolia flor da eternidade 

Memória pele a sombra e a solidão 

Entre as mãos a rosa da saudade

... 

musa


GUARDO O TEU NOME

Guardo o teu nome


Preciso do teu manto de ternura e fogo” JC


Na sombra da manhã 

Penumbra húmida 

Há tanto tempo não acontecia 

Fogo em palavras a arder

Murmura-o a poesia

A ausente melancolia

Chamamento de prazer 

Terna e quente guardiã 

No afago de mão 

Como que a ferir

Ou a doce solidão 

De existir 

...

musa

quinta-feira, 3 de setembro de 2020

AMOR SOLITÁRIO

AMOR SOLITÁRIO 


Este amor solitário tão de silêncio e queixume

Que a alma guarda num sacrário em angústia altar

Sem dor alguma melancolia ou ciúme 

Somente húmida névoa em manhãs de olhar


De praias desertas de palavras sorrisos e sentir

Vagas de marés enchentes e vazias

Amor que a solidão não faz nunca desistir

Ainda que as noites sejam longas e sombrias


E o tempo tatue de saudade a areia molhada

Memórias de carícias e a ternura do beijo

No leito a paisagem da pele nua e suada


Perdurará a lembrança loucura do entardecer

Junto ao teu corpo no íntimo cansaço do desejo

O amor solitário a morrer de prazer

...

musa