APELAÇÃO
O meu corpo secou
Tímido solitário o segredo
De ausência os beijos tristes
Demora o desassossego
Em que insistes
Ver no mais fundo olhar
O barco que se afundou
Dor de tanto chorar
A doida apelação
Todo o corpo é já aridez
É ânsia é grito é negação
É a loucura da insana razão
Intimidade e altivez
Ou a tamanha solidão
Dos lençóis vazios
De beijos e de nudez
E os mais discretos desejos a apelar
Melancólicos e sombrios
Todo o corpo que é agora frio de sentir
Os mais secretos sentidos a negar
Apelando a sofrer e a ferir
A carne a alma a pele a ofegar
Da tua boca que não mais soube pedir
...
musa
4 comentários:
Adoro teus poemas... teu blog é um tesão delicioso....
Posso sugerir uma mudança na cor da letra (fonte)???
Posso responder com um poema???
Grata pela sugestão, o seu poema será bem-vindo ;)
Volta João ou volta Pedro?
SÚPLICA
Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.
Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria…
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.
Miguel Torga
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