VEM À TERÇA-FEIRA
Vem à terça-feira despir-me a alma
Para vestir-me de sentir
Furtivo fauno do génesis e da memória
A caçar ostras no mar fundo do olhar
Num estremecer de tanto vir
Profundo desejo de mil cervos cativos
As mãos a condecorar de amor e glória
A honrar encanto e porvir
Como mil gazelas a cavalgar as ancas
A hastear gozos e a arfar em vagidos
Orgasmos a cavalgar de crinas brancas
Os olhos a cintilar de tão humedecidos
E o rosto exausto e abandonado
E todo corpo arqueado
Seios entumecidos
No vale esquecido o rio a correr
Como no calendário de todas as terças-feiras
Águas tumultuosas de líquido endoidecer
Chama acesa de todas as fogueiras
Vem à terça-feira por querer
Os olhos em fogo oferecidos
De combustão e de prazer
De excitação e de gemidos
De pulsão e de sentidos
…
musa
Sem comentários:
Enviar um comentário