GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

quarta-feira, 11 de julho de 2012

O CIO DA FÊMEA


A lua cheia dentada, a minguar o propósito desconcertado no imenso silêncio que unia os dois em pensamento satisfeito de missão cumprida, no todo seu esplendor emoldurava a escuridão alheia a todos os sentidos. Era o fim da viagem. A incursão furtiva que deixara rasto do cio da fêmea na toalha impregnada de fluidos pingados de intenso tesão saciado na loucura desse querer que assim acontecia sem querer.


Admirava questionar-me sabendo todas as respostas, sentir o auge de todo esse prazer partilhado numa afetividade onde o amor a paixão o encantamento eram apenas fruto da hegemonia potente da sensualidade emanada em suor saliva e sémen, a causa e efeito dessa atração furtiva que esporadicamente unia corpo e alma e sentidos.

A viagem de regresso fazia-se debaixo de um céu de estrelas que não havia, tal o esgotamento provocado à escuridão pela luminosidade dessa enorme lua possante, na continuação imaginada de toda a vontade tomada na pele morena sob a pele de ébano, translúcidos desejos aflorados, os mesmos que sempre aconteciam em preliminares saudosos cortantes surpresos, despertando fomes antigas, seduções mantidas no anonimato secreto do que não era para acontecer mas que a magia da provocação inebriava de tal forma pela cumplicidade permitida que silenciados pensamentos abriam caminho ao encontro fatal de pele e sentidos.

Eram sombras secretas formadas no segredo de silhuetas intimidativas planeadas no mistério primitivo do acasalamento, fêmea e macho em rituais de cio e território.

Na iniciativa dele, intransmissível intimidade, dedos eram convocados ao desfolhar de suaves caricias, roçando felinamente como línguas humedecidas em alisamento do pelo selvagem, na docilidade desse sentir e consentir, pétala a pétala, deslizavam ternurentos na humidade quente que arroxeava o carmesim da mucosa excitada iniciando o rito do desfloramento em provocação da haste masculina, criando desejo quase desespero em intensa penetração, inundando a corola trémula e vibrante, rios de prazer escorriam nas vertentes falanges palpitantes da gruta explosiva de estalactites a pingar de emoção, breves espasmos faiscavam iris escaldantes, num derradeiro afloramento, a fenda compromissada recebia o jato leitoso de polme de estrelas crepitantes, e um rasto de cio impregnava a via láctea que mantida em segredo, iluminava horas insones de um universo solitário em noites de lenta excitação de lembranças nostálgicas, qual macho perdido da humanidade em busca incansável de consolo e satisfação, inspirava o cheiro carnal da fêmea em cio, em noites solitárias.

Nunca te disse. Renovas a cada instante o instinto de vida apaziguado na insatisfação do sentir.

Acordas a fêmea adormecida no limiar dos sentidos e… fazes-me feliz como uma lua renovada.



musa

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