GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

segunda-feira, 22 de junho de 2015

CRÓNICA DE UM VERÃO SEM PRESSA

Reencontrei-te vésperas do dia mais longo do ano. A noite ainda era uma criança, a pedir colo ao teu olhar como se esses teus olhos tivessem braços e um regaço onde aconchegar o carinho que às vezes, só às vezes, me faz tanta falta.
Já nem me lembrava de como eram verdes os teus olhos com esse brilho da saudade fechada para alem de todos os entardeceres somados aos dias longos e aos dias pequenos feitos dessa marcha de dias festivos em que voltas sempre pelo sentir do prazer, a folia dos santos populares, o calor do Verão e os nossos corpos ávidos de uma tórrida aventura, a desmoronar o tempo e o silencio dentro de nós, e ainda todas as metáforas admitidas na escuridão com que iluminamos beijos em louca lonjura de apertadas mãos nos sentidos da nossa pele.
Gosto quando perdido do tempo regressa ao gozo manso desse reencontro sem cobrança de afectos.
E sussurras no meu ouvido que gostas do meu cheiro e do meu sabor.
E o dia mais longo do ano pareceu tão pequeno diante da imensidão do teu querer.
O desejo aninhou a distancia entre os teus braços e demorou se no prolongamento da pluralidade dos orgasmos humedecendo o teu ventre colado ao meu. Sabes agora que ainda ha vontade a roçar a noite carnal em penetração de horas húmidas, quentes, viscosas, sobre um banco das traseiras num beco escuro da madrugada rompida de gemidos ofegantes e espasmos noctívagos silente respiração de mãos e bocas despudoradas de afectividade.
Foi bom teres-me feito sentir que pode haver longos dias, longos instantes, longos sentires, e um tão pequeno brilho no olhar demorado do orgasmo conseguido na solitude de um beijo.
O calor da noite soltou no pescoço incendiado de fogo ardente a chama viva da irrequieta vontade de reviver o que sempre acontece quando nos aproximamos um do outro e a inevitável sensação de pertencer a esse insustentável dever de roçar lábios sedentos de beijos carnudos e molhados, abafando gritos de prazer em domínio indomável de corpos despidos pela tentação.
Sabes todos os pontos erógenos da evidente sensibilidade em que o toque é o imperador maior da soberania sensual codificada de todos os trilhos que levam ao encadeamento dessa atracção festiva da pele reinante do pescoço, nuca, lóbulo da orelha, lábios e língua, mamilos, nádegas, coxas e dedos, e ainda a penúmbra da intimidade onde chegas em rebeldia consentida.
Nunca te disse do encantamento vislumbre gotejante, tumefacto, hirto, teso, carnal, erecto, em chamamento gritante do eco solto e abafado da boca ou das colinas ou da clareira a pingar encharcada de excitação e no teu olhar o desespero de quem clama o silenciado gemido do extase em euforia.
E da mestria do teu dedo em fazer soltar todos os orgasmos presos no tempo longo da espera, a clitoriana dança da tempestiva excitação em todos os gerúndios sentidos ou sussurrados ao ouvido como confissão de provocadores desejos, és mestre a recordar-me a fragilidade do gozo em mim.
Volta sempre que o dia mais longo do ano possa ser no meu corpo um segundo mais de prazer infinito.
...

musa

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