GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

quarta-feira, 15 de junho de 2011

AURORA DE SENTIDOS

Esta noite a lua vai andar escondida
Em quartos de sombras por inventar
Vai ficar negra cheia nova perdida
Num eclipse secreto orvalhar

Sobre a tua pele aurora de sentidos
Rasgo naufrágio na escuridão
Faço-me desejos proibidos
Num eclipse de luar tesão

A lua vai somar doce madrugada
Num número mágico de tentação
Trocamos posição aurora alvorada
Vai a contas sobre bocas famintas
Somada ansiedade desejo paixão
Encoberta ardente louca pousada
Como duas luas ousadas distintas
Num sessenta e nove nobre emoção
Eclipsamos vontade e tesão
Em pele escuridão
Deixando brisa de cio
No ar…
… onde os gestos são pequenos para tão grandes sentidos... em bicos de peito erguidos a desfalecer teus desejos... incumpridos instantes de um fogo que tens de apagar...
… pele com pele de vontade consentida a dois... sereno vulcão onde escorre lava deleite da minha boca fértil corpo se sacia do teu fogo…
… quereres profanos que na tua imaginação ganham sentido... faz-me altar desse fogo acendido em partes encobertas do teu corpo amado de mãos e boca... por mim...
… bocas que se transformam em falos... línguas viperinas que se enroscam em carícias serpenteando por grutas falésias cavernas húmidas onde tentação é um pecado a céu aberto e pingam suores que saciam poros quentes de fogo e água…
… emotividade pelo êxtase do prazer em cada um de nós... erguermo-nos de sentidos em mansidão de sabores e cheiros compartilhados...
… em ordinário consentir atendendo aos teus caprichos... agrilhoados movimentos em que presa em ti sou fêmea saciada...
… ergue-se alongado dorso de fêmea em cio... repousa o macho esquivo corso em marcha nupcial fazendo do seu sentir um rio e água escorre entre peles em chamas de sentidos num colossal cavalgar de emoções e desejos rendidos…
… e eu... "gostava de lamber esse teu corpo suado pelo prazer, sentir o teu sal, os teus sabores"... do mesmo jeito da mesma maneira toda inteira ser-te no peito mil e uma canseira de ousados prazeres onde derreteres esse tesão...
… gosto de imaginar a forma dos teus seios, como ficarão nas minhas mãos, como ficará o meus sexo entre eles. Gosto de os ver a espreitar do interior de um decote, é mote para os prazeres manuais em que tu és vedeta…
… és o macho cobrindo dorso... mãos em concha sobre seios...  pernas ligeiramente flectidas... sentindo-lhe a respiração por detrás... no pescoço... leves investidas ao sabor do tempo sem tempo... intemporal
Aurora de sentidos a dois num eclipse total…
musa

quinta-feira, 9 de junho de 2011

BEM FICA

gosto da tua frente
da aranha onde seda se tece
do teu corpo que no meu desfalece
do teu olhar que me entende

gosto das tuas curvas onde derrapo
em mãos irrequietas tiro-te o trapo
porque em mim despertas tesão
a mais sensual sensação
vigor de todo o sentir
teso desse fluir

gosto da poesia das tuas nádegas redondas
formados seios da tua traseira
e por mais que tu os escondas
sei-lhe a forma à minha maneira

no olhar guardo-lhe esquissos sombreados
e da cama quando te vestes
copio esses glúteos arredondados
o mesmo olhar quando te despes

gosto da nudez ardente
de dois pomos despudorados
que se maneiam à minha frente
quais seios excitados
que nos bicos se sente
dureza gozo provocados
assim tão de repente

sabes que gosto e mais não digo
essas curvas de sensual prazer
tua nudez é o meu castigo
quando te fico a ver

com fogo em pele coberta de brasas
lava lassidão que por mim derrete
olhar-te na penumbra ganho asas
quando tuas vestes caem no tapete

Bem fica o meu olhar na tua pele mansa
Bem fica o meu sentido exalando desejo
Bem fica onde essa vontade descansa
Bem fica a minha boca dando-lhe um beijo
...
musa

quarta-feira, 8 de junho de 2011

CAFÉ DA MANHÃ

Levo-te o café à boca
A noite parece ainda dormir
No umbral do teu olhar
Parece ainda sentir
Belo intenso madrugar

O gosto da madrugada
O chilreio dos pardais
A manhã já clareada
Luzindo gume de punhais

Onde foi que nos pedimos
Onde foi que nos perdemos
Os olhares que nos sentimos
Os beijos que nos demos
As palavras que gostamos tanto
As âncoras os nós os remos
Perdidos de riso e pranto
Por tudo que ainda temos
Por tudo o que já tivemos


Os beijos que amanheciam
Em vale de lençóis floridos
Nossas bocas se pediam
Em olhares enternecidos

Mãos cortando o silêncio doce
Presos gestos na escuridão
Como se ainda a noite fosse
A esconder nossa paixão

E o café dessa manhã
Fica na mesa a arrefecer
Madrugada doce avelã
Que nos faz acontecer

Da tua boca lábios romã
Trazes de noite a tua fome
A pele sabor canela e romã
A romper o dia que ainda dorme

Pele que eu sacio sem saber
Ternura que me sabe no peito
Bebo-te café aroma prazer
Em cafezais no nosso leito

Sacio loucura na tua sede
Quanto mais amo mais louca sou
Dominada inteira na tua rede
Sou companheira e a ti me dou

Não sei se vivo se vou morrer
Ainda a madrugada acontecia
O café já não pude beber
Pois tua pele me arrefecia

Em calor ardente dócil distante
Tinha o dia em mim a começar
O sol rompia como amante
Da noite que amei e estava amar
musa

LAMENTOS DE BOCA

Da boca lanço a vontade
Em rosada liberdade
No desfiladeiro sensual
Mordido beijo fulcral
Dos teus lábios sentidos
Escorrendo bruma docilidade
Os edílicos prazeres rendidos
Da boca uma eternidade
Lamentos sussurros bramidos
Em dócil intimidade
Dos lábios serenidade
Orquídea língua rara
Na escarpa escondida
Colorida arara
De penas florida
Fina humidade
Rebelde candura
Riso selvagem
Provocante brandura
Doce saudade
Mansidão loucura
Libertinagem
Doçura
Do teu ser
Em mim

Lamenta vontade consentida
Todos os beijos dados de boca
Onde eternizo vãos momentos
E me rendo toda perdida
Desse desejo sem fim
Que me põe quase louca
Escorrem meus pensamentos
Dos meus lábios carmim
São preferidos sentimentos
Minha flor suavidade
É da boca felicidade
Em nervuras de prazer
Do tanto que já beijei
Em tantas bocas florescer
Pelos lábios eu me dei
Outros desejos despertei
Água deixei escorrer
Fui nascente de outras tantas
Não sei mesmo de mais quantas
Eu vivi para morrer
Em beijos de bocas molhadas
Eu senti o beijo distante
Provei do beijo amante
De outras bocas já cansadas
De outras bocas amargadas
Em doce lábios fui cantante
De beijos loucos proibidos
Onde tive meus sentidos
Num beijo fulgurante
musa

terça-feira, 7 de junho de 2011

CORPO DE MEL

Há uma colmeia em meus dedos
Dança em meu olhar fantasia
Sou abelha no seu favo
Na tua boca me perderia
Deixaria meus segredos
Do seu mel eu tiro um travo
Zumbindo por essa luxúria verde
Nos seus lábios mato sede
Gosto amargo doce bravo
Tuas mãos são minha rede
Carícias dessa colmeia
Onde teu fogo me ateia
Me faz queimar de doçura
Me faz perder nessa loucura

é por causa do seu mel
homem doce

quero lhe dar esse mel na boquinha
lambuzar-me em sua pele
nessa boca pequenina
que de tão doce sabe a fel

tu me desinquieta quando me fala assim...
 ai que vontade…
mel saciedade
quero ver essa língua esticada só para lamber meu mel

te encosto na parede... desço as mãos em suas coxas escorrego à sua frente...

hummmm e que mais…

faço um gesto indecente…
dos mesmos dedos mortos de sede
em que gastos orgasmos procuram caminho
ensino aos lábios esse carinho
a boca no seu mel se lambuzando
a língua em círculos se deliciando

e carne com carne gozando

e tudo mais pode acontecer
dois seres enfeitiçados
em insano e louco prazer
 por instantes consagrados
num dócil dever

para morrer de doce loucura contigo...

utopia não sinto quimera
não desejo alquimia
consinto do tanto que quero o teu beijo
faz do meu corpo primavera
verde selva em poesia
 no corpo inteiro
gasta o desejo
a fantasia
beijo gostoso e sem pressa
na tua boca me perderia
é a vontade confessa

assim tu me fazes arrepiar

tua carne tua alma uma promessa
de ternura excitação
que eu preciso dominar
 minha nobre emoção
em ti muito depressa
sim…  beijo profundamente...
como que sugando tua alma

e o teu querer me acalma

sonho essa nossa paixão
sentidamente

quero-te
querer guloso corpos suando
olhares delirando
bocas se beijando
sentido decoroso
que em tudo permitido
num doce beijo delicioso
num só sentido

e eu já sinto teu cheiro em mim

pele branca com travo de maresia e cheiro a rosas
 sobre seu peito em fantasia de crioulo cheiroso
danço minhas poesias rodopio minhas prosas
a sal e mel gosto entranhado em tua minha pele
esse teu querer-me enfeitiçado
 faz ter-te no meu cio
guardado...

quero lambuzar minha cara no teu mel
e depois deixar-te lamber meus lábios molhados de ti

jamais senti o que senti

quero rastejando igual serpente
sobre o teu corpo molhado de cio
lamber-te a pele quente
a cada travo sentir o frio
metal que minha língua afia
para sempre e todo o dia
te querer ainda mais

todo dia, todo dia

todo o dia cheirar-te o rasto
e dominada pelo seu cheiro
fazer do teu corpo meu pasto
potranca esfomeada por seu sexo inteiro
em teu cavalgar abocanhada
dócil ganadeiro
e eu como hábil garanhão
abrindo tua fenda com meu mastro erecto
 domino-te com meu tesão
nesse teu desejo desperto

arqueando dorso excitada
deixo-te ferrar meu desejo
fêmea ágil dominada
por um único beijo

te quero
minha amada
vou partir
mas vou cheio de ti
já te pude sentir
onde nunca te pedi

e eu fico contigo
beijo em teu favo de mel
 sereno esse teu abrigo
onde me faço em papel
a cada poema lavrado
em sentidos poesia
deixo meu gosto guardado
nesta nossa fantasia
musa

domingo, 5 de junho de 2011

AMNIÓTICO PRAZER

Em útero desejo
Águas calmas
Corpos unidos
Nas bocas beijo
Duas almas
Uma só pele
Consentidos

Húmidos
Entranhados
Fundidos
Ligados

… do cio orvalhado na ponta dos dedos que rasgam orgasmos

O rio entranhado na secura da pele

… dos olhares sensuais em obscenidade plena

Os segredos tidos afiados punhais último acto de cena

No palco dos sentidos gozamos de prazer
Molhados perdidos deixamos acontecer
É um rio de emoções em plenitude ardente
Tacto a tacto de paixões que falo e flor em amor consente
Em amniótico querer húmidos quentes colantes
Gememos gritamos falamos loucura obscenidade
Num sentir num terno vir fazemo-nos amantes
Eivámos como dois seres contaminados de vontade
Em nudez transcendental
Pela via natural
Matamos a saudade
De gozo fulcral
Em meigos prazeres
musa

sábado, 4 de junho de 2011

DEDO DELÍRIO

… tu pões-me louco…
E eu danço nessa tua loucura
… imaginar-me a lamber-te…
meter um dedo dentro de ti…
… sabes que gosto de te fazer isso
… depois metê-lo na minha boca… sentir o teu sabor…

Há um gosto preso de odor
Aceso cheiro a entranhas excitadas
Aroma que na tua boca amanhas
Cio cruzeiro que guia meu corpo terra
Lavrado com o arado da tua boca
De papilas flamejantes exaltadas
Pelo orvalho doce tombando na serra
Dos dois picos que me deixam louca
Onde de olhar tapado tua boca não erra
Essa humidade que não é pouca

E de olhos vendados sentindo meu cio
Na ponta do dedo gosto de loucura
Sobre o teu lábio seco macio
Dando a provar doida ternura

Sentada sobre o teu peito
Sentes humedecer
Flor em prazer
Tua pele
Meu leito
Escorre mel
Onde me deito
E sou-te fiel
Do meu jeito
Esse doar
Paixão
Furacão
Tesão

Sobre o teu peito começo a amar
Teu corpo marcado de território meu
Impregnado fluidos afluentes
De aroma cio teu
Húmidos e quentes
Rio consentes
Escorrer
Prazer
Sentes
musa