PECADOS DE ESCRITA
Vejo-te ao fechar os olhos. É com o calor doutro corpo que se
aprende a ver.
O sabor da língua deixa cair o entendimento em tentação. E o
significado das palavras caladas pelo beijar faz o novo dicionário dos
sentidos.
Assumo... tenho pelas palavras a cegueira quente dos sentidos
e no pecado da escrita cometo o sentir mais mundano que línguas em profana
vontade possam despertar ousando a pele do verbo inominado...
Pousa o teu prazer no meu corpo. É fundo o lugar onde depositas
o teu desejo em mim. E no fim da caminhada estará o teu gemido a contar-me como
susténs o êxtase que irá evaporar-se entre as nossas mãos.
Das areias presas no fundo humedecido das lagrimas ao sol dos
dias entrançados nos dedos das mãos em versos caminhados nas palavras do prazer
subtil em silêncio e poesia...
Toco na boca e descubro porque fica a língua molhada;
encontro o teu sabor; a água que irá secar-me por fora
e encharcar-te por dentro.
Troco essa humidade por maresia que me salga olhar em ondas de
saudade desfeitas no peito cheio de lagrimas sorridas... Húmido mar que
encontrei esperando me e que agora não me canso de olhar...
Eu queria ser todo negro
Como a noite que se deseja penetrar
Manchada de dia...
Perpetuada de horas claras e sombras
És obra de arte esculpida
pelo prazer e o desejo.
O esquecimento tem memória breve,
no teu corpo.
E o impulso onde se ergue a vontade
impõe a natureza aprisionada por dentro.
Há nas memórias da arte esculturas em esculpimento
Há nos sentidos o pensamento ressurgido do sentir
A arte esculpida de um desejo
Somente permitir
O teu beijo...
…
Duo, musa & Juan Pablo
1 comentário:
Um texto digno de uma musa.
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