São parcas as palavras
nesta distancia de volúpia antiga
Querer seara ânsia
em flor num fogo de Agosto
Tocar a tua pele dorida
com a lança de uma espiga
Beber do teu suor
qual morno ardente mosto
Amar-te entre cheiros silvestres
papoilas trigo e
o encantamento das cigarras
Despir diante de ti minhas vestes e
entregar-me na ânsia das tuas garras
Gato selvagem rompendo ondulante
Por entre o trigo queimado
de tórrido sol amante
Delirante caça atrevida
em labirinto fechado
Entre a morte e a vida
Caçando a presa amedrontada
Inquietantemente seguida
Num campo de trigo
e de joio entrelaçado
Encurralada na seara alta e loira
de ponta em espiga
é papoila em flor
Cada ramo maduro é viga
haste que sustenta esse amor
Delimita seu chão em cio duro
que afasta a presa apaixonada
Deixando seu odor correndo
como um rio na terra rasgada
Sagrado vaza da sua fonte a ferver
Excitada inflamada agitada
Mel de entranhas por prazer
De mil desejos cruxificada
Até morrer
Entregue aos gemidos
extenuantes de acre e fel
Abrindo seu monte
em espasmos perdidos
Abandonada
Seara dossel
Eis que no encontro fatal
toda a seara se agita
Em sussurros sentidos
E desse grito imortal
a fera em seus braços se fica
Nesses momentos vividos
De fel e mel
fulcral
...
musa
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