GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

DESPEDIDA

esta noite despeço-me
mergulho na nudez escuridão
envolvida de sombras
entrego-me
digo-te não

vou morrer de amor por ti
a carne vai doer de sentidos
por tudo o que aqui perdi
vou macerar dor e gemidos

nesta dualidade cortante
rasgo-me toda de tristeza
a pele turgida e delirante
perde seu brilho e beleza

despedi-me de ti
ouvi tua voz
chorei

por dentro
turbilhão
declamei 
de palavras
roubadas
que sei
de ti sinto
tesão
mágoas
ilusão
...
musa

sábado, 13 de fevereiro de 2010

DANÇA DO VENTRE

fusão de sentidos...

7 PECADOS

cascata mansa
doce lenda
sete pecados
balança
teus dedos na fenda
de olhos fechados
dança
geme
delira
espreme
toca tua lira
treme
goza
rosa
espinhos
de fogo
chuva de sol quente
na boca sente
estridente
presente
sentido
gemido
oprimido
decoro
vivido
perdido
rendido
choro
...
musa

CAVALGADA

para ti... meu cavalo alado...

ACEITA-ME

aceita-me 
como me sou
corpo dado a ti
total me dou
em teu senti


és a minha lua
sem te saberes
sol distância
perto de mim
luz de prazeres
sonhos de infância
dos meus quereres
sem fim


aceita-me teu sorriso
que desprendes
ao me fazeres amor
tanto que te preciso
e não me entendes
deste meigo clamor
te surpreendes


és o meu sol
brilhas fora e dentro
o meu calor
em quem eu penso
o meu sustento
satisfação dor
lenta agonia
ausente
noite e dia
por ti reclamo
por ti choro
por ti chamo
em ti demoro
meus sentidos
inebriados
enfeitiçados
corpo teu
quando enfim
serás meu
sim
...
musa

ESPERO-TE

Mandrágora
Demoníaca
Viperina


lassidão aspiras 
tua deusa
fazes-me na cama
deliras
meu corpo inebria
todos teus sentidos
alegria
transpiras
mudas a pele
acendes fogueira
veneno
rogas não
provas mel
toda por inteira
me condeno
excitação
...
musa

SEXO PROFANO

Rua de esquinas dobradas
Onde te deixas demorado
Dando-me mel em colheradas
Roubas desejo proclamado
Inventas sentidos
Gozas amado
Ousas gemidos
...
musa

ESTA NOITE

esta noite
numa entrega total
vou cobrir-te
de mim
ser-te manta por inteiro
modal aconchego
lençol ribeiro
correr no teu leito
águas de ti
ser-te rego
aberto no peito
pela tua enxada
na terra lavrada
onde deixas semente
quente senti
escorrer teu cio
mar rio
afluente
voltar em vagas
em valas
águas
humedecida 
vencida
corpo e mente
no escuro sentir
êxtase segredo
pura paixão
degredo
noite
açoite
tesão
vir
...
musa



CONCHA RIO


em concha pegas-me
nos teus braços
vastidão de sentidos
completam-se
levas-me
envolvidos de laços
despertam-nos
a carne macerada
vinho desejo
degustada
dos dois
beijo
pele sabão
loucos perdidos
para depois
desertam-se
na fome imagem
sentidos
vê-se o tesão
raiva de me gastar
excitada sedução
nas tuas mãos macias
acariciar
ser-te pedra lavada
ser-te margem
ser-te ousada
nessa viagem
que fazes de mim
de todas as tuas rias
corpo e mente
pedi 
pedias
água sem fim
a pingar
afluente
virar mar
por ti...

musa

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

GOTÍCULAS

sedução escorre
gotículas sede de sentidos
forma-se rio desejo pele
nas montanhas chove
os cumes invertidos
nesse peito mítico 
humedecem de mel
favos quentes de tesão
enrijecem mamilos
fóvea excitação
de assim senti-los
sob o algodão 
o cume ergue o bico
sedução acontece
neva sobre o pico
tocá-lo apetece
gotículas escorrem
na ribeira salgada
os poros morrem
pela pele fechada
desejo ergue-se riso
no peito excitado
tuas mãos deitas
perde-se juízo
pelo toque amansado
como domado fosses
das colinas feitas
planícies
doces
...
musa



domingo, 7 de fevereiro de 2010

LEITO VOILE

até a imensidão desse querer
onde pode estar o paraiso
no leito desejo florescer
branco véu doce liso
poro a poro
sentir
no ar leve cloro
gasificado
voile macio 
branca a pele
a ondular
límpido rio
alvo pecado
florir
sorves de mim
branco leito
âmbar mel
esbranquiçado
cor jasmim
no favo adocicado 
do meu peito
querubim 
...
musa

ORIGEM DO MUNDO

mundo que é mundo em minhas mãos
na tua doces dedos a querem ser meus
crua  eterna demanda do graal dos sãos
queima em pecado lábios dos ateus
bebendo do cálice cálido na fome eterna
que de beijos sugas ávido prazer
a porta escancará dessa caverna
o homem túrgido que aí comer
após derramada fonte secreta
escorre na fenda de gozos incontidos
que a origem do mundo assim desperta
nas carícias insanas dos gemidos
o leite empapando negro tufo ardente
de esmegma líquido doce e quente
caminho desbravado tesão sentidos
se abre a flor ao falo demente
que de gozo chora sorridente
no pecado incerto dos adidos
...
musa

sábado, 6 de fevereiro de 2010

MARTIRIO

toco-me 
no desejo atido
um gozo pedido
nosso olhar
mentes em delirio
corpos em martirio
sentimos
provocar
tu eu
...
musa

TOCATA TACTO

concedida
em cama desejada
flor oferecida
a colher
amansada
pelas tuas mãos
deixo-me ser
fogo tocata tacto
desbravada
entre palavras
imagens
representamos
primeiro acto
amamos
os dois colados
meu dominador
corpos suados
sou simples peão
neste jogo
sedutor
mão na mão
provocador
...
musa

HOUVE...

houve... além do olhar
das palavras sopradas
dos desvios revelados
das orientações desencontradas
dos sons vociferados
das imagens provocadas
dos gestos trocados
houve...
que mais pode haver...
...
musa

FENDA

escondo-te a fenda
de leite humedecida
em jorros imaginada
nas tuas mãos sentida
escondo o segredo
sentido secreto
um pouco a medo
teu desejo desperto
escondo-te a vontade
o ter-te em mim dentro
a insana ansiedade
como se eu te fora templo
no teu pensamento devoção
assim de imagens contemplo
nesta estranha excitação
que oras por um momento
escondo-te o altar
onde te curvas rendido
como se ai fosse rezar
e te deixasses fendido
nas entranhas encharcadas
em transe discreto
gozas delicias roubadas
nesse meu templo aberto
...
musa

LUXO

suave bruma
cobre teu desejo
túrgido sentido
delira em tua mão
manto olhar azul
cobiça meus sentidos
a pele devorada
doce luxúria
pecados
tidos
...
musa

ESPLENDOR

quero descrever
o esplendor
da noite eterna
teu caminho
sem pudor
na minha caverna
fim do mundo em ti
delirando agitada
anseio degustar-te
provocada
meiga poesia
um bocadinho
sei que já te senti
antes do meio-dia
a conversa um sinal
a qualquer hora
tempo paradoxal
procuro descobrir-te
agora e sem demora
em teu ninho ficar
naquele sorriso
que desejo promete
desse azul olhar
desprendido
nunca mentiste
calor e ternura
onde acontece
lento desabrochar
afogueada paixão
sem o amor
doce fusão
experimentada
na tua língua
domesticada
procuro o ardor
atalho aos meus sentidos
poder ser-te tremor
das minhas entranhas
famintas de ti
servir-te acha labareda
vibrações loucas estranhas
das quais estremeci
ao fogo que acendes
tentações lume intenso
de palavras me prendes
de gestos me amanhas
entregue rubra acesa
num querer imenso
ao teu sentir já presa
pela nossa fogueira
de tacto tenso
só tu me entendes
desta maneira
...
musa

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ENTREGA - ao Rui Spranger

Entrego-te o palco
Meu corpo aberto
Cair do pano
Assalto
Encenação 
de sentidos
Desperto
A alma vociferada
Olhar decano
Gostos revertidos
Palavra incontida
Entrega ousada
Oferecida
Arrebatada
Directriz
Proclamada
Desejos
Consentidos
Corpo inteiro
Raiz
Cicatriz
Cancioneiro
Arena
Cena
Drama
Palco
Chama
Dança
Clama
O corpo 
representado
Dramaturgia
Inventada
Olhar encenado
Poesia
Declamada
Luz de sentir
O pano a cair
Palmas
O gozo a vir
Nos corpos
Nas almas
A fluir
...
musa

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

MULHER RIO

sou mulher carente
rompo a pele
na minha mão
germinar semente
sou alma cansada
doce fel excitação
sou mulher diferente
mal amada
poesia
vibro sedução
dócil alucinada
fantasia

no meu dorso cresce
árvore dos sentidos
querer amanhece
dos desejos tidos
ai se eu pudesse
ter um falo
em minha alma
palavras cantadas
eu calo em desvario
ai se eu tivesse
corpo margens
por ti galgadas
em fúria pranto
desse inominado rio
a voz te canto
corpo alma
mulher carente
vivo em ti
arborizada
rio a correr
sou-te semente
quando me toco
de gosto prazer
já mar me senti
desejo louco
aromatizada
deixo acontecer
pois em ti
já me perdi
abandonada
...
musa


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CIO CHEIRO

que sabes tu do meu cio
onde tem cheiro doce
meu rio
fazes correr
como se fosse
nascente


tens meu cheiro agreste
morno sol poente
vibrando teu gosto 
do livro que leste
provaste fino mosto
do cálice aberto
à tua boca desejo
começaste num beijo
húmido secreto
néctar perfume
sedoso fendido
teu olfacto ciume
do corpo sentido
meu cheiro a cio
a ti rendido
fazes de mim correr
como se fosse um rio
nas tuas mãos humedecer


que sabes do meu cio
nas narinas entranhado
tens me o cheiro por um fio
quase todo emaranhado


cio que aspiras 
transpiras
gozas
provocas
deliras
tocas
...
musa

FOGO PELE

queima me a pele urgente
devassada ardente
devorada
afogueada

a tua boca incendiária
labareda fulgente
num rasto de fogo
acende candelária
em festa de fogo
no corpo aceso
de fogo preso

toda em chamas
teus lábios rubros
por mim proclamas
de beijos curvos
desce linear
o corpo a queimar
lenta combustão
acendes paixão
na pele humedecida
proclamas vida
sedução
num beijo
acendes
tição
desejo
...
musa

RISO OLHAR

Que gozo escondia riso olhar
O falo nu em suave dança
Esgueirando-se sensual
Num tempo provocar
No vaivém da contra dança
Pela gula do bucal
Compasso rítmico seda
Mãos que deslizam
Em pele vereda
Abres caminho

Sibilando nossa história
Lembrando teu corpo
Trazendo a mim
Tua arte feita de carne
Que degusto na memória
Tacto seda cetim
Sem lei nem destino
Ansiosa inquietante
Abrindo teu caminho
Arfar nos meus seios
Imaginação distante
Enchendo veios
Linhas sulcos
E o suor da tua face
Incontido arfar
Nos meus lábios cortante
Louco sentido
A imitar disfarce
Riso olhar
Delirante
Perdido
musa