GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

domingo, 7 de fevereiro de 2010

LEITO VOILE

até a imensidão desse querer
onde pode estar o paraiso
no leito desejo florescer
branco véu doce liso
poro a poro
sentir
no ar leve cloro
gasificado
voile macio 
branca a pele
a ondular
límpido rio
alvo pecado
florir
sorves de mim
branco leito
âmbar mel
esbranquiçado
cor jasmim
no favo adocicado 
do meu peito
querubim 
...
musa

ORIGEM DO MUNDO

mundo que é mundo em minhas mãos
na tua doces dedos a querem ser meus
crua  eterna demanda do graal dos sãos
queima em pecado lábios dos ateus
bebendo do cálice cálido na fome eterna
que de beijos sugas ávido prazer
a porta escancará dessa caverna
o homem túrgido que aí comer
após derramada fonte secreta
escorre na fenda de gozos incontidos
que a origem do mundo assim desperta
nas carícias insanas dos gemidos
o leite empapando negro tufo ardente
de esmegma líquido doce e quente
caminho desbravado tesão sentidos
se abre a flor ao falo demente
que de gozo chora sorridente
no pecado incerto dos adidos
...
musa

sábado, 6 de fevereiro de 2010

MARTIRIO

toco-me 
no desejo atido
um gozo pedido
nosso olhar
mentes em delirio
corpos em martirio
sentimos
provocar
tu eu
...
musa

TOCATA TACTO

concedida
em cama desejada
flor oferecida
a colher
amansada
pelas tuas mãos
deixo-me ser
fogo tocata tacto
desbravada
entre palavras
imagens
representamos
primeiro acto
amamos
os dois colados
meu dominador
corpos suados
sou simples peão
neste jogo
sedutor
mão na mão
provocador
...
musa

HOUVE...

houve... além do olhar
das palavras sopradas
dos desvios revelados
das orientações desencontradas
dos sons vociferados
das imagens provocadas
dos gestos trocados
houve...
que mais pode haver...
...
musa

FENDA

escondo-te a fenda
de leite humedecida
em jorros imaginada
nas tuas mãos sentida
escondo o segredo
sentido secreto
um pouco a medo
teu desejo desperto
escondo-te a vontade
o ter-te em mim dentro
a insana ansiedade
como se eu te fora templo
no teu pensamento devoção
assim de imagens contemplo
nesta estranha excitação
que oras por um momento
escondo-te o altar
onde te curvas rendido
como se ai fosse rezar
e te deixasses fendido
nas entranhas encharcadas
em transe discreto
gozas delicias roubadas
nesse meu templo aberto
...
musa

LUXO

suave bruma
cobre teu desejo
túrgido sentido
delira em tua mão
manto olhar azul
cobiça meus sentidos
a pele devorada
doce luxúria
pecados
tidos
...
musa

ESPLENDOR

quero descrever
o esplendor
da noite eterna
teu caminho
sem pudor
na minha caverna
fim do mundo em ti
delirando agitada
anseio degustar-te
provocada
meiga poesia
um bocadinho
sei que já te senti
antes do meio-dia
a conversa um sinal
a qualquer hora
tempo paradoxal
procuro descobrir-te
agora e sem demora
em teu ninho ficar
naquele sorriso
que desejo promete
desse azul olhar
desprendido
nunca mentiste
calor e ternura
onde acontece
lento desabrochar
afogueada paixão
sem o amor
doce fusão
experimentada
na tua língua
domesticada
procuro o ardor
atalho aos meus sentidos
poder ser-te tremor
das minhas entranhas
famintas de ti
servir-te acha labareda
vibrações loucas estranhas
das quais estremeci
ao fogo que acendes
tentações lume intenso
de palavras me prendes
de gestos me amanhas
entregue rubra acesa
num querer imenso
ao teu sentir já presa
pela nossa fogueira
de tacto tenso
só tu me entendes
desta maneira
...
musa

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

ENTREGA - ao Rui Spranger

Entrego-te o palco
Meu corpo aberto
Cair do pano
Assalto
Encenação 
de sentidos
Desperto
A alma vociferada
Olhar decano
Gostos revertidos
Palavra incontida
Entrega ousada
Oferecida
Arrebatada
Directriz
Proclamada
Desejos
Consentidos
Corpo inteiro
Raiz
Cicatriz
Cancioneiro
Arena
Cena
Drama
Palco
Chama
Dança
Clama
O corpo 
representado
Dramaturgia
Inventada
Olhar encenado
Poesia
Declamada
Luz de sentir
O pano a cair
Palmas
O gozo a vir
Nos corpos
Nas almas
A fluir
...
musa

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

MULHER RIO

sou mulher carente
rompo a pele
na minha mão
germinar semente
sou alma cansada
doce fel excitação
sou mulher diferente
mal amada
poesia
vibro sedução
dócil alucinada
fantasia

no meu dorso cresce
árvore dos sentidos
querer amanhece
dos desejos tidos
ai se eu pudesse
ter um falo
em minha alma
palavras cantadas
eu calo em desvario
ai se eu tivesse
corpo margens
por ti galgadas
em fúria pranto
desse inominado rio
a voz te canto
corpo alma
mulher carente
vivo em ti
arborizada
rio a correr
sou-te semente
quando me toco
de gosto prazer
já mar me senti
desejo louco
aromatizada
deixo acontecer
pois em ti
já me perdi
abandonada
...
musa


terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

CIO CHEIRO

que sabes tu do meu cio
onde tem cheiro doce
meu rio
fazes correr
como se fosse
nascente


tens meu cheiro agreste
morno sol poente
vibrando teu gosto 
do livro que leste
provaste fino mosto
do cálice aberto
à tua boca desejo
começaste num beijo
húmido secreto
néctar perfume
sedoso fendido
teu olfacto ciume
do corpo sentido
meu cheiro a cio
a ti rendido
fazes de mim correr
como se fosse um rio
nas tuas mãos humedecer


que sabes do meu cio
nas narinas entranhado
tens me o cheiro por um fio
quase todo emaranhado


cio que aspiras 
transpiras
gozas
provocas
deliras
tocas
...
musa

FOGO PELE

queima me a pele urgente
devassada ardente
devorada
afogueada

a tua boca incendiária
labareda fulgente
num rasto de fogo
acende candelária
em festa de fogo
no corpo aceso
de fogo preso

toda em chamas
teus lábios rubros
por mim proclamas
de beijos curvos
desce linear
o corpo a queimar
lenta combustão
acendes paixão
na pele humedecida
proclamas vida
sedução
num beijo
acendes
tição
desejo
...
musa

RISO OLHAR

Que gozo escondia riso olhar
O falo nu em suave dança
Esgueirando-se sensual
Num tempo provocar
No vaivém da contra dança
Pela gula do bucal
Compasso rítmico seda
Mãos que deslizam
Em pele vereda
Abres caminho

Sibilando nossa história
Lembrando teu corpo
Trazendo a mim
Tua arte feita de carne
Que degusto na memória
Tacto seda cetim
Sem lei nem destino
Ansiosa inquietante
Abrindo teu caminho
Arfar nos meus seios
Imaginação distante
Enchendo veios
Linhas sulcos
E o suor da tua face
Incontido arfar
Nos meus lábios cortante
Louco sentido
A imitar disfarce
Riso olhar
Delirante
Perdido
musa                   

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

DESDOBRA-ME

... dos seios quero a seda, não o tamanho... quero a pele macia para deles... fazer meus... ávidos de mãos que os agarram e apertam, de boca que os molha, lambe e xupa... quero-os apenas quentes e febris, ávidos de prazer e tesos, mais tesos do que o tesão de me vir neles...


me entrego a pensamentos
inverno em madrugadas
de mornos ventos
corpo em febril verão


me entrego a desejos
noites geladas
loucos momentos
de doce excitação


me entrego à sedução
que me lasca buril mente
deixa-me condenada
em ávida emoção
sentidamente


me entrego as curvas derrapantes
do teu pensar desejo seduzido
em noites delirantes
perco juízo


desse teu sentido
na meiguice teu olhar...
sorrindo


sem parar
fico a imaginar
A me sentir
Não pare
Estou quase atingindo
Quase a vir...
...
musa










LUMINOSIDADE


Tenho esse desejo de lábios, tenho esse desejo de beijos em luminosidade incandescente...das tuas bocas em muitos feitios, da boca que beija, chupa e suga, da boca que se abre e se contrai, que me inunda de prazeres escorridos e quentes até ás pernas, da boca que te doi de gatas... ao sabor do meu querer-te...

Tua boca...
Sim... Tua boca...
O desejo tomou conta de mim
ao imaginar beijar tua boca.

Sim...
Os meus lábios ainda pressentem
o próximo toque dos teus.

o corpo incandescente entre velas acesas em escuridão deitada
a cama incendiada pelas tuas mãos teus beijos de luz...
a seda da madrugada cobrindo nudez
a pele excitação que te seduz
de nua tez

não sei de quantos beijos é esse desejo
outros lábios sentem melhor
são lábios dessa boca o ensejo
de se abrir para te ter na sua flor
falo que deseja entrar no brejo
onde se afundar sem pudor

são esses lábios
esperando
esse teu
beijo 
...
musa

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

BOLERO

Ensina-me a cantar o teu bolero... ensina-me a ir ao mais intimo de ti e diz-me tudo para que desejes que por lá fique e que... ensina-me tudo de ti, até me suplicares para voltar e voltar... sabes que voltaria vezes sem conta...até me vir...


toca-me caixa de musica
perdida no tempo
e deixa eu cantar-te
meu bolero
sem hora momento
na pauta das tuas curvas de cio
deixa-me ser teu rio
na tua pele a brisa
sussurrar por entre folhas do desejo
ser ar que desliza
soprar de mim a flor minhas pétalas
cavalgar pelo teu peito erva
sem asco nem pejo
desse desejo que a mim reserva
passos sentindo o solo macio
deitar-me nesse caminhar
de encontro às curvas da noite
como quem caminha um rio
em louco cavalgar
salpicando passos molhados
no teu sal de pele
orvalho manhã emoção
a despejar olhos marejados
no cálice floral do meu ser
em deliciosa excitação
a esgueirar-se pelos teus dedos
abrindo a magia da flor
em gestos ledos
como leme sem tempo
de barca fulgor
velejando sem bússola
remando meu cio
em vela de vento
por todos os sentidos
presos num fio
na amurada do convés
de corpo nua
e me olhando
como quem pede
grávida lua
a seus pés
...
musa



segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

MEIAS SEDA NEGRA


tenho a excitação
nas pernas lavrada
meias negra seda
rota esburacada
as coxas perdição
em buracos negros
escondem a emoção
de te ter de medos
feitiço entrega
a fama de fios puxados
sem pudor sem regra
dos pés enfeitiçados
sobe até à flor
qual hera trepadeira
faz nelas amor
num samba ou coladeira
junta as tuas as minhas
nossas pernas entrançadas
do jeito que as tinhas
à mesa assim cruzadas
levo-te as meias pretas
gasta-as nas tuas mãos
rasga-as com a boca
sem que me prometas
de seda tira-me as meias
pois de imagens e de palavras
cimo das coxas já incendeias
...
musa