Quem diz que os poetas não fodem
Ser felizes sem tristeza no olhar
Quem diz que eles não podem
Sorrir com olhos de chorar
Esta vida é uma foda triste
Vá se lá saber porquê
De toda esta melancolia que insiste
Foder-nos mesmo onde não se vê
Mas mesmos nesses instantes
De amor ou acto cumprido
Há nos olhos dos amantes
A volúpia do sentido
E dos corpos unidos o triste foder
A poesia investida de desejo
Dois seres desunidos em meigo prazer
Da vontade a ilusão desprendida de um beijo
Vida triste foda amarga
Horas vividas assim
A saudade é a paga
Do início até ao fim
...
musa
4 comentários:
Essa palavra foder
é o verso mais proibido
mais querido.
É o verso que apaga todos os não sentidos
e até quase sempre os sentimentos.
Essa palavra foder
é o momento
em que não cabe alegria ou sofrimento.
É o momento sem antes nem depois
em que um somos dois
em dois somos um só.
O antes, pode ser lindo
o depois um acrescento passageiro
mas foder é o momento
sagrado de tão profano
por que irei até ti.
Quanta poesia se escreve
para que possa num momento de elegia
matar toda a poesia
e ser, ser só.
Mesmo o desejo, a volúptia
é um antes desse transe que se segue
a esse instante em que pedes: entra em mim
agora.
Quero estar pronto
quero chegar contigo a esse ponto
em que não há outra saída que entregar
os nossos corpos a nós
sem mais ninguém
quase sem nós.
Quero agora então entrar em ti
e entrar
e sair-entrar: foder
porque aí sim, seremos verdadeiros
nem poetas fingidores
nem dor nem nada
apenas fogo e fogo em escalada
apenas gozo e gozo
mais nada.
J.
... saberei quem és... sinto-o...
a inspiração começou onde o vento lambeu a escadaria de bruma de mar...
ainda perdura na pele labial a maresia inventada verbo carnal que murmuraste num verso deixado no vento... a praia pequena ainda é a mesma mas tu... onde andas tu...
deambulas numa androgenesia poética à sombra das vagas vestida com saias de espuma... os teus olhos engelham os folhos que parecem dançar...
Poesia é o sexo com o mundo.
A memória uma molécula de fidelidade duvidosa.
O sonho é um plano indefinido que nos engana e guia.
As minhas mãos uma promessa na tua pele.
E o tesão a coragem que nos assiste
na poesia
na memória
no sonho
e no que quisermos
se quisermos
os dois.
J.
... faz todo sentido sonharmos...
... havemos de saber...
onde as borboletas esvoaçam as cocegas cegas do desconhecido sentir...
Enviar um comentário