GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

domingo, 25 de setembro de 2011

A MUSA DE RUBENS


A MUSA DE RUBENS
Peter Paul Rubens, o pintor flamengo barroco, conhecido por retratar mulheres expondo a sua sensualidade carnal, a harmonia real das suas formas, a opulência corporal dos lipídicos vaporosos e das celulites abusivas de coxas largas e barrigas proeminentes, mulheres isentas de corpos esculpidos em ginásios, não menos poéticas, não menos perfeitas, não menos belas, musas marmóreas vítreas leitosas de dermes de ébano marfim pérola, de telas orientadas pelo próprio sentido natural, sem vergonha das suas carnes e peles, sem a ditadura implacável da geometria das curvas, das artimanhas artificiais dos liftings, das plásticas, das lipos, do silicone, dessas estratégias que roubam identidade ao tempo nas suas carícias e afectos de rugas e cabelos brancos, da flacidez poética onde já houve firmeza, e o canto do corpo na mais sensual afirmação estética, como inspiração ao desejo soberano, daquele que elege a musa renascentista como o poema de tesão e erotismo, flagrante liberdade de ser como ditou a natureza, libertas de medidas de elegâncias.
A musa deitada em pose nua
Complacência corporal
De pele leitosa cor da lua
De traço intemporal
Que o pintor perpetua
Modelo de formas cheias
De rugas sulcos fendas
No pincel melopeias
Na tela oferendas
Suas carnes opulentas
Vibram olhar embevecido
Incitam a tonalidades magentas
De lipídico orgulho sentido
Sem desgostos sem tormentas
Sem medos de flacidez
Na firmeza do sentir
Doce placidez
Corpo tesão
De peles a consentir
Em nobre relaxação
Exposta sua nudez
Como rosas a florir
Em divindade carnal
Sensualidade primitiva
Formas avantajadas
Nessa gordura permitida
De musas deformadas
Nas curvas da estética
Em formas poesia
E nessa abusiva poética
Pinta-se a fantasia
musa

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