GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

OBSCENIDADE

“como trocaria todas estas palavras por um beijo aí entre o teu pescoço e o teu ombro”

Abre-se um sexo obsceno
Em rasgadura no ombro
Num beijo dócil ameno
Loucura húmido escombro
Desfloras-me artéria
E sangro virgindade
Alma matéria
Obscenidade
Arterial

Como gostaria de me encher
Dessa tua energia sensual
E sangrar-te de prazer
Intenso descomunal
Como se o universo
Fosse o teu pescoço
O meu sexo
Profunda comunhão
Risco esboço
Carne e alma
Louco tesão
Que desse beijo se acalma
Profunda excitação

Ver-te deusa nos olhos
E mulher na tua carne
Paixão de ser

Transparecer
Amar-te até ao amor
Fundido dentro de ti
Sem medo e sem dor
Contigo aprendi

Liberta em fechada ilusão
Para não sofrer
Calar coração
Sem querer

Como eu tanto já te senti
Em secreto sentido
E com as mãos te consenti
Suave gozo desmedido
Demorado imenso
Porque te penso…

E no meu pescoço sinto
Lasciva vontade
Consinto
Lenta penetração
Reciprocidade
Sem pecado
Desejo ousado
Obscenidade
Puro tesão

Duas bocas em suavidade emulsão
Dar-te os beijos que já te escrevi
Amar-te até ao amor estando dentro de ti
No teu ombro cheirar pele do teu pescoço desflorado
Encontrar-te onde não sabes o que procuras procurado
Viver-te de coração livre e alma aberta
Porque dentro de mim algo desperta
E eu fico à espera
Como quem desespera

“tenho saudades tuas, de que me escrevas, de que me sintas… do que ainda não vivi contigo…”

Há entre os dois… não sei que pensar
Talvez um beijo encurralado
Um desejo calado
Posso adivinhar?
musa

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