GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

NET SEDUÇÃO SEXO E UMA MUDA DE LENÇÓIS


Com o coração nas mãos e mais de vinte anos de vida conjugal insatisfeita, deixei-me envolver pela fibra óptica da sedução, conduzindo todos os sentidos ao apelo de uma mensagem deixada no correio electrónico, após a visita de alguém à minha página pessoal, do meu blog de escritora sensual, cabelo loiro de luz e olhos azuis electrizantes. A bem da verdade, consta que os homens preferem as loiras, e muito mais aquelas que têm a sua vida sentimental por resolver. _ Que queres tu de mim? - atrevi-me a perguntar-lhe. A resposta chegou ao meu telemóvel após ter facilitado o contacto, na clandestinidade da alma, curiosa por sentir um profundo chamamento, de um sedutor tímido, sensual e atrevido, dizia ele: - Um relacionamento explosivo e interminável! Duas almas! Dois corpos! A concretização do imaginário proibitivo e inconsciente! Vai daí, as nossas almas encontraram-se, algures pelos meandros da informática, numa linguagem de sentidos exprimiram todos os seus desejos mais intímos e ardentes: - Quero a tua alma de envolvência tântrica, numa matemática precisa e quântica, quero a tua alma a roçar a indecência em gestos seguros de seres maduros, morder-me de fome e de demência, num quarto desconhecido de silêncios obscuros, fechado a nós, esquecido de todo o teu passado, desatados os nós, o teu olhar vertido num orgasmo rasgado e sentido entre odores de cio e de prazer, preenchido o vazio das nosas vidas, amando até morrer. Alguns dias ocupados pela troca de mensagens, algumas horas travadas em conversas de sedução, abordagens sentimentais pela noite fora, jogo erótico de palavras a cair no tempo que separava os dois corpos desconhecidos, da concretização real da sensualidade e do prazer mental, até ao encontro decisivo em que o desejo de um pelo outro, se resumia a uma única palavra - Quero-te! - Ah! Meu sedutor desconhecido! Quanto de ti ficou por dizer nessa promessa de um beijo ardente profundo, perda dos sentidos ao entrar em narcose total do prazer da luxuria atingindo o orgasmo mútuo só com a profundeza das nossas almas... Já dizia o poeta Carlos Drumond de Andrade, "Amor - pois que é palavra essencial comece esta canção e toda a envolva. Amor guie o meu verso, e enquanto o guia, reúna alma e desejo, membro e vulva." Com este verso consegui ser a mulher mais desejada, a musa renascentista avantajada, esculpida numa poesia sensorial que o tacto da sedução tirou do anonimato de uma foto e de um punhado de palavras poéticas, da loucura da Internet para a realidade de olhos nos olhos, com toda a envolvência da surpresa do encontro de duas almas que antes de se conhecerem pessoalmente, almejaram amar-se perdidamente, trocando provocações, como dois adolescentes, carregados de paixão, através da net, de sms, de conversas telefónicas. O encontro amoroso aconteceu, por entre a surpresa houve troca de olhares gulosos, beijos apaixonados, carícias explosivas e o sim ardente incontido pelo tacto dos corpos, ainda que numa total ausência de palavras, apenas gemidos, espasmos, um pulsar de silêncio e loucura pela descoberta de um e outro, dois desconhecidos entre lençois entranhados de odor a cio e suor orgasmico, cansados, extenuados, vibrantes, dois corpos amantes entrelaçados na magia da noite das suas vidas. Pela manhã, mudaram-se os lençois, apartaram-se os corpos e cada um voltou à normalidade da sua existência. Ele vingou a rejeição de uma namorada, e ela vingou toda a insatisfação das mulheres da sua família, arrumadas na suas mediocres vidas, entre maridos insensíveis à sua sensualidade e filhos grudados às suas ancas de musas renascentistas pintadas sobre divãs. Só me resta dizer, obrigado Internet por este momento único! que nos fez sentir que vale mesmo a pena viver! - " Tudo vale a pena! Se a alma não é pequena!"

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