GRÃO DE MALÍCIA

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Miramar, Norte, Portugal
GRÃO DE MALÍCIA … poemas escritos de desejos e divagações... onde está a poetisa... que vai escrever os poemas memórias de sentidos tidos… onde está a poetisa...que escreve poemas, nua ao pé da cama, que os interrompe para beber inspiração? … sou apenas quem está mesmo por detrás de ti... com a boca colada ao teu ouvido, segredando-te pequenas coisas que tu sentes...de olhos fechados. ana barbara sanantonio

terça-feira, 12 de janeiro de 2010

MUSA RENASCENTISTA



A tarde princesa tinha sido um momento vivido em dilúvio intenso, como marés gastas na pedra madrugada em que se lavam os dias e pelo chão escorre ocre avermelhado tingindo o olhar rubor, como se de um instante do céu mar, próximo ao horizonte poente, cor gradiente se tratasse, aquele momento entre o azul do céu e do mar e o escuro da noite opalina, a imaginar o astro fulgente desaparecido no cinzento do fim de tarde chuvoso, ao lusco-fusco de seda, sob o véu de uma aurora polar, pingando Valquírias bruxuleantes, singelas de luz afogueada fluorescente, num rasgo brilho âmbar de labaredas espelhadas no leito mar serenidade, do tal crepúsculo ruborizado de ideias, que a tinham trazido até ali. Sentia receio e ao mesmo tempo uma mescla de sentimentos banhados de atracção desconcertada, num desafogo que a atirava para uma aventura inimaginável de sexo louco e desenfreado, algo que o marido não lhe dava. Estava no local onde possivelmente ele habitava, e que um afazer de última hora para ali a tinha empurrado. Depois de sair da gráfica, entrou no automóvel e começou a conduzir, já sem saber o percurso que tinha feito, com a sensação de que o tempo não tinha passado, desde essa manhã em que tinha estado a teclar com ele, e o obscuro silêncio que deixaram aproximar-se dos dois, sem lhe apetecer ir para casa, queria estar com aquele homem de novo, olhar os olhos dele que somente tinham tido a noite perto de si, tocar o seu rosto, sentir as suas mãos, ouvir a sua voz, saborear a sua boca, queria vê-lo, tê-lo como confidente e amante, assim pegou no telemóvel hesitando entre deixar-lhe uma mensagem ou ligar-lhe de imediato. Ensaiou várias mensagens mas acabou por apagar tudo, resolvendo ligar-lhe de imediato. Afinal o último contacto que ficara no Messenger foi o convite dele – me keres ter esta tarde – e sem que ela tivesse tido coragem de lhe responder, ele ficou off-line deixando-a confusa e irritada. Sem pensar duas vezes ou mais, ligou-lhe e ouviu a sua voz sedutora chamando pelo seu nome – Babiiiiii - Durante a hora que esperou por ele, recordou os mistérios empreendedores da gozação que ele lhe proporcionou no primeiro encontro que tiveram dentro do seu carro. Num combate felino delapidaram-se olhar triste e olhar sonolento que deveras se transformou em profunda felicidade de gozo sentido pelos dois. Chegou ao estacionamento, parou o carro, saiu e caminhou lentamente até ao bloco de apartamentos vermelho e branco, subiu a um segundo andar e foi acolhida pelo rosto sorridente do misterioso sedutor. Acompanhando-a à pequena sala, convidou-a a sentar-se no sofá, fazendo o mesmo a seu lado, cruzando um sorriso de satisfação iluminando-lhes o rosto. Entre os dois um felino, cor de caramelo, marcava território sobre as pernas do seu dono, ainda assim entregue à ternura das carícias dela, ousando dominar instintos felinos, apenas adormecidos. Dando passo a uma atracção consentida, aproximou-se mais, ele abraçou-a com força e ela sentiu o seu aroma másculo, a sua pele adocicada e os braços dele apertaram-na, acariciando-a, fechou os olhos e deixou-se levar pelo que tinha desejado durante todo o dia. Rendidos, os abraços, as carícias, os beijos, prolongaram-se num quase silêncio. Beijos longos, lábios que se beliscavam devagar, as línguas entrelaçavam-se num singular abraço enquanto respiravam o mesmo ar, as salivas misturavam sabores, as mãos num tempo únicas, corriam desesperadas por ascender ao auge da excitação em ambos os corpos, costas, braços e peitos, ofegavam desenfreados, provocando desejo que inevitavelmente nascia crescente de humidade entre os dois. A sua boca procurava roubar tesão aos mamilos erécteis e sensíveis, acompanhando a mão dele que buscava essa humidade quente, descendo sobre o ventre até à púbis, penetrando o interior indo encontrar vibrante excitação suave num toque de malícia completada pelo seu olhar provocador. Ele levantou-a e desnudou-lhe o sexo, a sua mão procurou-lhe o néctar e com um dedo marcou de humidade doçura o mamilo erecto lambendo-o levemente, deitou-a no sofá e sem deixar de a beijar continuou a aflorar botão de lótus com a sua mão, brincando entre os seus lábios que ocultavam o clítoris tumefacto, mergulhou a sua língua em toda a longitude nascente de prazer, olhando-a extasiado desejando os seus orgasmos numa só vontade. Começou a chupá-la muito devagar, sentindo o gosto expelido de todo o seu fluído vaginal, embalado pelo sussurrante gemer de gata no cio. Num instante delicioso sentia-a vir nesse gozo supremo permitido sem fronteiras, desejando mais e mais, ela estremecia presa àquela língua viperina suave de prazer total derramado na boca dele, rio doce em jorros quentes, qual fonte castália, inebriante apetecida, deixou-se explodir na sua boca, num auge de excitação apenas vingada por acoplamento desejado. Esperou ansiosa que ele a penetrasse, tal era a excitação provocada, queria-o, queria sentir-lhe o membro teso e guloso, mas isso não aconteceu. Os mamilos endurecidos não lhe permitiram relaxar apesar da amplitude orgásmica sentida, ideias loucas desafiavam-na e cada vez mais, atida a pensamentos luxuriantes com aquele homem, obrigou-se a si mesma a fugir dele. A tranquilidade dele amainava a fúria incontida dela, aquele olhar doce dele penetrava-a calmante e consentido. Entre os dois ficou a imaginação dos corpos suados entregues a um delicioso prazer preliminar pelo interesse mútuo, ambos desprendidos de qualquer consentimento, ela foi embora sem mais nada lhe dizer.
No pensamento de cada um o prometido.

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